De Olho nas Terras Indígenas traz informações organizadas pelo Programa de Monitoramento de Áreas Protegidas do ISA sobre cada uma das 669 Terras Indígenas (TIs) existentes no País. O site é o primeiro passo em direção a uma plataforma digital com a qual indígenas e não indígenas poderão colaborar diretamente
O painel de indicadores socioambientais de TIs De Olho nas Terras Indígenas reúne dados comparativos sobre temas como pretensão minerária, direitos territoriais, desmatamento e sociodiversidade, apresentados na forma de mapas, gráficos dinâmicos e rankings. São informações sobre os 238 povos indígenas que vivem em 669 Terras Indígenas, somando uma população de cerca de 560 000 pessoas.
Os mapas permitem acompanhar, entre outros dados, a incidência de requerimentos de processos minerários em TIs, o desmatamento acumulado a partir de 2000 e os focos de incêndio.
Nos mapas, o usuário ainda pode encontrar a localização dos escritórios regionais da Funai e dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Além disso, o site apresenta uma compilação de mais de 29 000 notícias sobre Terras Indígenas, dados sobre população, línguas faladas e projetos desenvolvidos com participação indígena.
O conteúdo do site está organizado em torno de seis temas principais: Povos, Línguas e Demografia; Direitos Territoriais; Gestão; Ambiente; Sobreposição; e Pressões e Ameaças.
O usuário pode navegar por esses temas em três recortes espaciais distintos, que permitem analisar informações em nível nacional, regional e local em cada uma das Terras Indígenas. O site foi elaborado a partir do Sistema de Informação de Áreas Protegidas do ISA, que é alimentado diariamente por uma rotina de pesquisas iniciada na década de 1980.
O objetivo do De Olho nas Terras Indígenas é fortalecer a articulação social para a consolidação de políticas públicas e direitos indígenas, por meio do monitoramento e avaliação de problemas socioambientais que ocorrem nessas áreas.
O site chega ao momento de seu lançamento, após um longo processo de desenvolvimento e aprimoramento, que contou com o auxílio de um grupo de colaboradores formado por antropólogos, indigenistas, geógrafos e biólogos, além de outras equipes do Instituto Socioambiental, em especial, dos programas Rio Negro e Xingu.
Agora, a pretensão é enriquecer esse sistema por meio da colaboração de novos parceiros, indígenas e não indígenas, incorporando tanto novos recortes, como novos temas. A ideia é que o site se torne uma plataforma colaborativa, uma ferramenta de informação e de luta para as comunidades indígenas, suas organizações e seus parceiros locais e regionais.
Desmatamento e preservação ambiental podem ser vistos em gráfico interativo
Os mecanismos de visualização de dados do site permitem ao internauta navegar de forma interativa nos gráficos e rankings, buscando informações de seu interesse. O gráfico dinâmico das 15 Terras Indígenas mais desmatadas na Amazônia Legal é um exemplo desse tipo de interação.
Como pode ser observado nas imagens abaixo, o gráfico mostra um ranking do desmatamento acumulado até 2000, com dados anuais até 2009, em 15 Terras Indígenas. A terra mais desmatada é a TI Marãiwatsédé, do povo Xavante, no Mato Grosso. Mas com apenas um clique, o gráfico permite também observar a porcentagem preservada em cada uma das terras, um dado importante para verificar que as TIs são, em grande medida, responsáveis pela preservação ambiental.
Hoje, uma parcela significativa das florestas remanescentes do bioma amazônico se encontra dentro de TIs, cerca de 25% da Amazônia está dentro delas e, segundo dados do Inpe, 98,8% das Terras Indígenas na região amazônica estão preservadas. No Brasil, 20% da floresta amazônica já foi desmatada, e praticamente metade dessa área foi derrubada somente nos últimos 20 anos. É por isso que quando se fala em evitado ou manutenção de estoques florestais (ou REDD) na Amazônia, as Terras Indígenas estão sempre na pauta.
(ISA, 19/12/2011)