Em mais um dia de protestos autogestionados contra a hidrelétrica de Belo Monte, várias cidades foram às ruas neste sábado, 17. Em São Paulo, onde o ato reuniu cerca de 700 pessoas, a manifestação durou mais de cinco horas e, a partir da concentração no vão livre do Museu de Artes de São Paulo (MASP), percorreu a natalina avenida Paulista e a rua Augusta, desembocando na Praça da República, no centro da cidade.
Liderada por grupos indígenas kalapalo e guarani, a marcha paulistana teve alguns pontos altos. No cruzamento entre a Paulista e a Augusta, os manifestantes interromperam o transito com uma enorme faixa confeccionada pelo grafiteiro Mundano, e um grande plástico azul, pintado com peixes prateados, foi estendido na rua para simbolizar o rio Xingu. Por dez minutos mágicos, guerreiros kalapalo deixaram de lado a guerra e crianças guarani esqueceram a timidez, para simplesmente brincar.
A brincadeira acabou abruptamente quando os megafones da manifestação começaram a soar suas sirenes. Em 20 segundos, a rua se cobriu de corpos caídos, e várias figuras vestidas de morte desenhavam seus contornos no asfalto; porque a alegria não resiste onde a mão do Estado faz valer brutalidades.
Retomando seu curso, a marcha seguiu cantando Augusta abaixo. Em frente a agencias bancárias, o coro protestou contra o financiamento da usina, tema da campanha “Belo Monte: com meu dinheiro não!”. Dos ônibus e das janelas, paulistanos com outras agendas para o sábado de sol acenavam apoios.
Um ciclista que passeava resolveu aderir, e um sargento da polícia deixou de lado a sisudez de quem deve manter a ordem e puxou conversa sobre máquinas fotográficas, sua recente viagem ao México e futuros planos de visitar a Guatemala.
Uma nova parada interrompeu a passeata em frente à sede paulista do PC do B, na Rego Freitas. As vaias contra o deputado comunista Aldo Rebelo, autor do novo Código Florestal, que vinham soando durante toda a marcha, viraram batucada organizada.
Por fim, com o sol já baixo, a manifestação tomou a praça da República com um último toré indígena, a leitura de um documento político e a convocação para uma série de atividades para os primeiros meses de 2012. Cada um a seu jeito, la mesmo manifestantes começaram a se preparar para as próximas lutas.
No Pará
Em Belém, a manifestação contra Belo Monte ocorreu pela manhã, percorrendo as ruas do centro da cidade até a Praça do Relógio no Ver-o-Peso, onde um ato político-cultural finalizou as atividades.
Segundo os organizadores, além do foco na construção da usina, a manifestação também protestou contra o novo Código Florestal, os bancos que poderão financiar as obras, a decisão do Juiz Carlos Eduardo Castro Martins de revogar, nesta sexta-feira (16), a liminar que ele mesmo havia concedido e que determinava a paralisação das obras da hidrelétrica no rio Xingu, a perda do mandato da senadora Marinor Brito, uma das principais oposicionistas à Belo Monte, com a decisão do STF de empossar o candidato ficha-suja Jader Barbalho, e as ameaças contra o jornalista Ruy Sposati, do Movimento Xingu Vivo para Sempre em Altamira, por parte de agentes ligados ao Consórcio Construtor Belo Monte.
Já em Altamira, cerca de 50 pessoas fizeram uma manifestação com panfletagem na Feira do Mercado, com foco na campanha “Belo Monte: com meu dinheiro não!”.
Em outros estados, também ocorreram manifestações nas cidades de Curitiba, Rio de Janeiro e Campinas.
Álbuns de fotos
- São Paulo
- Belém
- Rio
- Campinas
- Curitiba
(Xingu Vivo, 18/12/2011)