Trabalho pioneiro em Mato Grosso, realizado em parceira com a Embrapa Agrossilvipastoril, testa a viabilidade econômica das áreas de Reserva Legal no estado.
O projeto de plantio e aproveitamento de Reserva Legal, pioneiro no Estado do Mato Grosso, começou a ser realizado pela Embrapa Agrossilvipastoril em parceria com o ISA em Canarana (MT). A ideia do projeto é testar se é viável economicamente para o produtor plantar e utilizar a Reserva Legal dentro de sua propriedade, conforme consta na legislação.
A Reserva Legal é uma área legalmente protegida que toda propriedade rural deve possuir, e cujo percentual de extensão varia conforme o bioma. É uma área que deve ser mantida com vegetação nativa, para fins de conservação da biodiversidade e manutenção dos processos ecológicos e que pode ser manejada, desde que não haja supressão total de vegetação, podendo ser mais uma fonte de renda para o produtor.
No Estado de Mato Grosso, plantar Reserva Legal ainda é uma realidade distante da maioria dos produtores e a proposta desse projeto é validar mecanismos para inverter essa lógica.
“O Mato Grosso não possui uma cultura florestal, como ocorre nos estados do Pará e Amazonas, por exemplo, o que dificulta a aceitação dos produtores em recuperar e manejar suas áreas de Reserva Legal”, explica Natalia Guerin, bióloga e técnica do ISA.
“Além disso, não existem modelos de exploração de espécies nativas do Cerrado para esses fins nessa região, o que torna esse projeto muito inovador, não só do ponto de vista da ecologia da restauração, uma vez que está testando diferentes técnicas e arranjos das espécies, mas principalmente, econômico, podendo subsidiar informações para torná-la uma área produtiva dentro da propriedade “.
Primeira área experimental implantada
A primeira área experimental acabou de ser implantada na fazenda Angaiá, em Canarana. Foram plantados 14 hectares, utilizando 16 espécies nativas de uso econômico e que contribuirão para a restauração ecológica da área, conciliando conservação e produtividade.
Além de Canarana, o experimento será reproduzido em outras quatro áreas – sendo três em Mato Grosso e uma em Rondônia. Em todas elas serão avaliados os custos para implantação e manutenção, além de permitir a avaliação – no futuro – dos possíveis benefícios econômicos.
O biólogo e pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Ingo Isernhagen, explica que o trabalho realizado em Canarana conta com sete tratamentos: dois deles avaliam a semeadura direta de espécies florestais nativas em consórcio com adubos verdes; outros quatro avaliam áreas com plantio de mudas, sendo dois em consórcio com espécies exóticas como o mogno-africano e o eucalipto; e o último avaliará a condução de regeneração natural da reserva.
“Trata-se de um projeto de longa duração, e esse conjunto de variáveis poderá contribuir para apresentar aos produtores, alternativas para a efetiva adoção da Reserva Legal nas propriedades rurais, tornando palpáveis os potenciais benefícios econômicos, sociais e ambientais dessa importante categoria de uso da propriedade rural”, explica.
A primeira etapa do projeto durará três anos. Nesse período serão avaliados os aspectos ecológicos da evolução das áreas. Espera-se que o experimento seja renovado periodicamente para que os aspectos de manejo das espécies, que demandam uma temporalidade maior, sejam contemplados.
(Por Christiane Peres, ISA, com informações da Embrapa Agrossilvipastoril, 16/12/2011)