De acordo com relatório da Associação das Indústrias de Energia Solar e da consultoria GTM Research, de julho até setembro de 2011 foram instalados 449 MW de capacidade, elevando para mais de 1 GW o total implantado neste ano
Depois dos muitos contratempos que obscureceram a indústria de energia solar dos Estados Unidos recentemente, como a falência da companhia Solyndra e os atritos com os fabricantes de painéis solares chineses, finalmente uma boa notícia surge para iluminar o setor. Um relatório lançado nesta quarta-feira (14) indica que a indústria solar norte-americana viveu seu melhor momento no terceiro trimestre deste ano.
De acordo com o documento da Associação das Indústrias de Energia Solar (SEIA) e da consultoria GTM Research, só no terceiro trimestre foram instalados 449 megawatts (MW) de capacidade solar nos EUA, elevando para mais de um 1 GW o total implantado até setembro deste ano.
Esta cifra já ultrapassa a taxa alcançada em 2010, de 887 MW instalados. Estima-se que até o final do ano, 1,7 GW de energia solar tenham sido instalados no país. Em comparação com as instalações do ano anterior, houve um aumento de 140%.
A análise revela que quase todas as divisões do setor solar cresceram, como a industrial, que teve um aumento de 325% em sua capacidade instalada. O subsetor de energia solar residencial também teve seus índices elevados, subindo 21% para 75 MW.
Já o departamento comercial teve uma queda de 24%, que o relatório atribui a dificuldades simultâneas nos quatro maiores mercados do país: Arizona, Califórnia, Nova Jérsei e Pensilvânia.
O crescimento dos mercados industrial e residencial são explicados pelo aumento de projetos e pela redução de 40% nos preços dos painéis solares. No panorama industrial, 23 projetos, que somam 200 MW, foram conectados à rede durante o terceiro trimestre. E outros 500 MW estão em construção no país. No cenário residencial, só na Califórnia, houve um aumento na capacidade de 23 MW para 33 MW no terceiro trimestre.
Mas nem tudo são flores para esse setor dos EUA. Segundo especialistas, a briga comercial com os fabricantes de painéis da China, acusados de serem subsidiados ilegalmente pelo governo e oferecerem preços muito abaixo dos norte-americanos, pode desacelerar a indústria, especialmente se uma taxa proibitiva for aplicada aos chineses.
Outro fator que pode prejudicar este mercado é o fim do programa de auxílio 1603, ferramenta que tem ajudado a financiar milhares de projetos no setor renovável, e que está prevista para ser extinta no final deste ano. Mas apesar da extensão desse mecanismo ser muito desejada, poucos analistas acreditam que isso possa ocorrer até o final do ano, deixando uma ‘brecha’ no subsídio a projetos renováveis.
“A energia solar é agora uma potência econômica em dezenas de estados, criando empregos pela América do Norte. Mas nossa indústria precisa de uma política estável na qual possa fazer decisões de negócios, e infelizmente um mecanismo subjacente para financiar projetos solares está planejado para expirar em 31 de dezembro”, lamentou Rhone Resch, diretor executivo da SEIA.
“O programa 1603 tem feito mais para expandir o uso das energias renováveis do que qualquer outra política na história dos EUA. Nosso país não está em uma posição de ter o Congresso voltado contra as indústrias norte-americanas, e é essencial que o Congresso estenda o programa 1603 nestes poucos dias antes do final do ano”, acrescentou Resch.
Shayle Kann, diretor de gestão da GTM Research, afirmou também que os ganhos ocorridos nesse último trimestre poderão ser ofuscados por essas incertezas que permeiam o futuro da energia solar norte-americana.
“Há três questões na mente de cada um no mercado: qual seria o impacto do fim do Programa 1603? Podem mercados comerciais emergentes como Massachusetts, Colorado, Ohio, Tennessee e Havaí crescer enquanto grandes mercados como Califórnia, Nova Jérsei e Pensilvânia tendem a declinar? Como a petição comercial contra as importações solares chinesas impacta as dinâmicas de mercado?”, questionou Kann.
(Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil, 15/12/2011)