As permissões do Esquema de Comércio de Carbono Europeu (EU ETS) para a próxima semana estão sendo negociadas por apenas € 6,30, o menor preço já registrado pelo mercado desde que entrou em funcionamento, em 2005
Parece que as decisões da Conferência das Partes das Nações Unidas de Durban (COP17) de estender o Protocolo de Quioto até 2017 e estabelecer um novo acordo climático em 2020 não foram o suficiente para minimizar os impactos da crise econômica no mercado de carbono europeu.
Os créditos estão em queda de mais de 60% desde junho e os contratos para entrega na próxima segunda-feira (19) de permissões de emissão da União Europeia (EUAs, em inglês) estavam sendo negociados nesta quarta-feira (14) no nível mais baixo já registrado, € 6,30.
Os problemas recorrentes de falta de demanda, quedas no euro e equities desencadeadas pela retomada das preocupações sobre a crise econômica na Europa, combinados ainda com o preço do petróleo, empurraram o carbono para o precipício.
As Reduções Certificadas de Emissão (RCEs) despencaram 11% para € 3,92. Investidores em projetos sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) já começam a contabilizar as perdas.
Neste contexto, empresas integrantes do Grupo de Líderes Corporativos sobre Mudanças Climáticas entregaram uma carta ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, pedindo que o programa de comércio de emissões do bloco seja fortalecido para auxiliar a recuperação do preço do carbono e incentivar investimentos em tecnologias limpas.
A carta descreve que a forma mais simples para melhorar o cenário seria retirar do mercado algumas permissões de emissão da próxima fase do esquema de ‘cap and trade’ (2013-2020) ou a introdução de um preço reserva para os leilões a partir de 2020.
Sandrine Dixson-Declève, diretora do grupo, que representa corporações como Alston, Shell e Philips, disse ao EurActiv que um preço saudável para o carbono seria algo próximo aos € 30.
Os prejuízos para os atores do mercado são preocupantes, mas nem todos estão sofrendo da mesma maneira. “A extensão dos danos dependerá da natureza dos investimentos feitos (...) investidores em projetos com múltiplas correntes de retorno financeiro, como usinas de energias renováveis, não serão tão impactados”, comentou Vishwajit Dahanukar, diretor de emissões da empresa indiana SBI, ao The Economic Times.
(Por Fernanda B. Müller, Instituto CarbonoBrasil, 15/12/2011)