O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), que fornece a formuladores de políticas públicas o estado atual da ciência do clima, divulgou hoje (13) uma declaração sobre o resultado da COP17, em Durban. Mostra preocupação com a decisão de “adotar um acordo legal universal sobre mudança climática o mais rápido possível, mas não depois de 2015, para vigorar em 2020.”
O acordo de Durban reafirma a decisão de rever os compromissos de Copenhague/Cancún de reduzir as emissões à luz do próxio relatório do IPCC, a ser divulgado em 2013. O IPCC foi consultado sobre que impacto esses acordos terão no aquecimento global. “Deve-se adotar ações rapidamente para cortar as emissões para evitar uma elevação destrutiva nas temperaturas mundiais, mostram os resultados do Painel do Clima.”
A declaração diz que o IPCC deve publicar a primeira parte de seu relatório de avaliação, o quinto, em 2013. Mas em seu quarto relatório, publicado em 2007, já mostrou que um aumento de 2 graus Celsius pode ter efeitos danosos. Também diz que os gases estufa devem cair globalmente entre 50% e 85% até 2050 em comparação às emissões de 2000 e as emissões globais devem ter seu pico bem antes do ano 2020.
O IPCC afirma que “a série de acordos feitos no domingo por perto de 200 países em Durban lança as fundações para que a comunidade global possa enfrentar a mudança climática”. Mas alerta que “deve-se adotar ações rapidamente para cortar as emissões de modo a evitar uma elevação destrutiva das temperaturas mundiais”.
Veja o texto completo da declaração do IPCC.
"Declaração do IPCC
13 de Dezembro de 2011
Deve-se adotar ações rapidamente para cortar as emissões para evitar uma elevação destrutiva nas temperaturas mundiais, mostram os resultados do Painel do Clima.
A série de acordos feitos no domingo por quase 200 países em Durban lança as fundações para que a comunidade global possa enfrentar a mudança climática.
Governos em encontro na conferência anual do clima da Convenção Quadro sobre Mudança Climática das Nações Unidas (UNFCCC) decidiram adotar um acordo universal legal o mais rápido possível, mas não depois de 2015, a ser adotado e passar a vigorar a partir de 2020. Ao mesmo tempo eles reconhecem a necessidade de elevar o seu nível coletivo de ambições para reduzir emissões de gases estufa para manter a elevação média da temperatura global abaixo de 2 graus Celsius.
O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática foi chamado a se manifestar sobre que impactos esses acordos terão no aquecimento global.
O IPCC, que provê formuladores de políticas com o estado atual da ciência do clima, incluindo o impacto da mudança climática e o que pode ser feito para enfrentá-la, deve publicar a primeira parte se seu próximo relatório de avaliação, o quinto, em 2013.
Mas já no quarto relatório de avaliação, publicado em 2007, o IPCC mostrou que uma elevação de temperatura de 2 graus Celsius poderia ter um efeito destrutivo sobre o suprimento de água, a biodiversidade, o suprimento de alimentos, enchentes costeiras, tempestades e saúde.
O quarto relatório de avaliação mostra que as emissões de gases estufa que contribuem para o aquecimento global devem cair globalmente entre 50% e 85% comparadas às emissões de 2000, até 2050, e que as emissões globais devem atingir seu pico bem antes de 2020, com um declínio substancial a partir daí, de modo a limitar o aumento na temperaturas médias globais a 2 graus Celsius acima dos níveis preindustriais.
No curto prazo, até 2020, as emissõess dos países industrializados (listados no Anex I do Protocolo de Quioto) precisam ser reduzidas entre 25% e 40% abaixo dos níveis de 1990, do mesmo modo que se requer substanciais desvios em relação à tendência presente em países em desenvolvimento e economias emergentes.
Isto deve ser considerado no pacote. Quanto mais cedo se adotar ações, mais baratas e mais efetivas elas serão."
(Por Sergio Abranches, Ecopolitica, 13/12/2011)