Um relatório divulgado no início de dezembro pelo órgão da ONU para a Agricultura e Alimentação (a FAO), e denominado “Estado de Recursos Terrestres do Mundo e Água para Alimentação e Agricultura”, informa que já são 25% das terras do planeta seriamente degradadas apresentando entre seus principais problemas, erosão do solo, grave contaminação da água e dramática perda da biodiversidade.
O estudo aponta que outros 8% estão “moderadamente degradados”, 36% estão “estáveis ou ligeiramente degradados” e cerca de 10% estão conforme afirma o relatório, “melhorando”.
Nesse caso, a ONU aponta uma perigosa tendência de perda de terras agricultáveis em que pese à necessidade de aumento da produção de alimentos. O estudo estima que para alimentar o mundo será preciso produzir 70% mais do que hoje até 2050.
O relatório foi publicado quase simultaneamente a um similar sobre energias renováveis no planeta. O que ambos revelam na essência é uma pressão constante sobre a capacidade finita do planeta de suprir as necessidades humanas, muitas vezes irracionais de consumo.
Se ao menos fosse acompanhada de uma efetiva redução das desigualdades e da pobreza endêmica registradas em várias partes do globo, menos mal. Mas certamente não é o que podemos constatar nesses e em outros muitos estudos alertando para a insustentabilidade crescente e assustadora.
É preciso que esses relatórios, ao invés de causar espanto e interjeições, sejam usados por autoridades, empresários, sociedade civil organizada e cidadãos em geral, como base para uma mudança efetiva nos rumos trilhados por nossa humanidade.
Alertas não faltam, é de ações que estamos carentes, assim como o planeta está carente de carinhos, cuidados e respeito para seguir provendo os seres que o habitam.
(Por Reinaldo Canto, CartaCapital, 12/12/2011)