O Brasil tentou explorar ao máximo nesta terça-feira da 17ª Conferência do Clima da ONU (COP-17), em Durban, o fato de ter conseguido reduzir o desmatamento da Amazônia em 11% em um ano e ter obtido a menor taxa dos últimos 24 anos.
O embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, chefe da delegação brasileira em Durban, afirmou sem ser perguntado, numa entrevista dada em conjunto com representantes do Basic (grupo que reúne Brasil, China, Índia e Brasil) no início da tarde, que os quatro países emergentes estavam fazendo a sua parte e que esperavam que os outros fizessem o mesmo na luta contra as mudanças climáticas.
“Estou feliz em compartilhar com vocês o fato de que ontem nossos últimos números de desmatamento foram anunciados pelo nosso instituto de pesquisa espacial e (o desmatamento) foi 11% menor (…). Esses números são públicos, estão disponíveis na internet. A transparência é absoluta. Estamos felizes que estamos fazendo o que prometemos em Copenhague e reafirmamos em Cancún. Estamos fazendo nossa parte”, disse.
Em seguida, ele cobrou recursos dos países desenvolvidos. “A delegação brasileira, junto com os países do Basic e do G77+China, quer deixar Durban com um Fundo Verde Climático totalmente funcional, e que não seja uma casca vazia. Tem de estar claro o financiamento para o fundo e haver clareza do cronograma para o futuro, no espírito do compromisso dos países desenvolvidos em Copenhague e em Cancún”, afirmou.
Os países desenvolvidos se comprometeram no ano passado a colocar 100 bilhões até 2020 no Fundo Verde Climático para custear ações de corte de emissões e de adaptação às mudanças climáticas pelos países em desenvolvimento. Mas houve pouco avanço no fundo ao longo deste ano.
O embaixador voltou a falar os dados de desmatamento no fim da tarde, em entrevista coletiva do País para jornalistas estrangeiros e brasileiros. Novamente sem ser perguntado sobre o assunto.
Segundo o secretário nacional de Mudanças Climáticas, Eduardo Assad, o Brasil conseguiu mostrar ao mundo que está fazendo o dever de casa, o que é positivo para as negociações.
(Por Afra Balazina, Mudança Climática, 06/12/2011)