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silvicultura celulose e papel passivos da silvicultura
2011-12-01 | Rodrigo

Atraídas por terras baratas, depressão econômica histórica e ciclo de maturação de florestas em tempos muito inferiores aos 35 anos de média que as florestas levam para chegar ao tempo de corte de árvores no hemisfério norte, ocorre uma certa corrida da celulose no sul do Brasil. Onde os tempos médios de maturação de florestas para corte pode atingir 7 anos, ou seja 5 vezes menos que no hemisfério norte.

Outros fatores de atração de grandes projetos de silvicultura são a infra-estrutura boa da região sul, as terras a preços acessíveis e a presença ou a proximidade de mercados muito dinâmicos. Os empreendedores do ramo florestal tem a cultura de pensar os investimentos em prazos de 10 a 20 anos. E por isso enxergam na interiorização de hoje, uma integração histórica de futuro em áreas emergentes, com boa infra-estrutura e preços acessíveis.

O crescimento da população e a ascenção social no país, tem feito com que investidores nacionais e estrangeiros de um setor básico como o papel, desenvolvam projetos de grande extensão e de elevada longevidade. Atualmente existem cerca de 5 milhões de hectares com silvicultura no país e a previsão é que esta área necessite ser dobrada para atender este crescimento do mercado interno.

Nas áreas florestadas predominam pinus e eucaliptos, e as grandes discussões se situam nas dimensões do equilíbrio ambiental. Até que ponto que os ecossistemas afetados tem capacidade de resiliência ou até que ponto são preservados por zoneamentos ecológicos-econômicos eficientes e relevantes.

Monoculturas são sempre fontes de discussões e problemas. Reduzem a biodiversidade, reduzem a resistência dos ecossistemas que sempre tem a resistência da soma das espécies que o compõe e geram empobrecimento de solo em alguns nutrientes e abundância em outros, conforme os nutrientes que mais precisam.

As aplicações em derivativos que resultaram em grandes prejuízos para as maiores companhias do setor durante a crise de 2008/09 tem amortecido um pouco a voracidade dos investimentos deste setor, mas é previsível que as pressões vão voltar.

As grandes empresas do setor foram afetadas pela ressaca das aplicações em derivativos e agora existe um certo risco de “apagão” florestal nos próximos anos, devido à redução de investimentos que houveram nos plantios de hortos florestais para produção de celulose.

Como o fator tempo não tem como ser compensado pelo aumento de investimentos, pois uma árvore para estar apta para o aproveitamento demanda no mínimo, 7 anos em média, a obtenção de matéria prima para a indústria celulósica pode ficar sujeita a inconstâncias ou inconsistências imprevisíveis no curto prazo.

Em função disto, não apenas a pressão ambiental sobre os ecossistemas locais se torna um risco. Além dos impactos sistêmicos sobre o meio ambiente existe uma grande discussão sobre a influência dos eucaliptos, conhecidos como grandes consumidores de água, sobre os lençóis freáticos e subterrâneos das áreas silvícolas.

Existe uma grande discussão sobre o tema nos meios técnicos e não será este humilde artigo que irá solucionar o problema. Mas nossa intenção é senão solucionar, exatamente levantar discussão, pois dialeticamente é do contraditório que emerge a síntese.

Existe uma relação direta entre os atrativos de investimentos para as empresas e exatamente pelos mesmos motivos, com as fraquezas ou vulnerabilidades sociais de regiões que não reagem a eventuais degradações porque priorizam os aspectos messiânicos e de curto prazo dos investimentos florestais.

Recuperar áreas degradadas por atividades florestais desenvolvidas sem adequado planejamento e execução pode ser muito oneroso, e praticamente impossível de ser realizado por regiões empobrecidas economicamente.

(Por Roberto Naime*, EcoDebate, 01/12/2011)

* Dr. Roberto Naime, colunista do EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.


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