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chevron-texaco petrobras imprensa e meio ambiente
2011-11-29 | Rodrigo

O ódio de O Globo à Petrobras é um péssimo conselheiro para seus profissionais.

Porque, na ânsia de cumprir a pauta que recebem, acabam fazendo um mau jornalismo.

É o que fizeram, hoje, quando publicam que os acidentes ocorridos com a Petrobras representam, em quantidade de petróleo derramado,  o dobro do acidente da Chevron no Campo do Frade. Foram  4.201 barris em 2010, contra o que seriam 2.400 barris  deste acidente.

Ora, além do fato de aceitar passivamente o número fornecido pela Chevron, quando todos sabem que a empresa fez (e faz) o que pôde para “dourar a pílula” deste derrame, ignorou um fato essencial.

É que a Chevron, no Brasil, tem apenas uma dezena de poços e produz 79 mil barris diários. E a Petrobras produz 2.600 mil barris/dia, tem milhares de poços, doze refinarias, milhares de quilômetros de oleodutos, dezenas de terminais de embarque e desembarque de petróleo e derivados, em terra e no mar, e uma frota enorme de navios petroleiros.

É, portanto, uma comparação estapafúrdia. Igual a dizer, apenas como exemplo, que uma empresa enorme como a Volkswagen teve o dobro de acidentes de trabalho, porque duas pessoas se machucaram lá no ano passado, do que a Oficina do Zezinho, onde ele trabalha com um ajudante, porque o dito Zezinho se feriu ali em 2010.

Se o jornal quisesse ser honesto, faria o que este modesto blog, com o Google apenas, fez.

Leria no mesmo relatório de sustentabilidade de onde tirou os dados, está escrito que  estava sendo mantida a tendência de níveis de vazamento na Petrobras ” inferiores a um metro cúbico por milhão de barris de petróleo produzidos, um referencial de excelência na indústria mundial de óleo e gás”.

E se perguntaria: isso é referência de excelência? Então, quanto será o de outras grandes petroleiras, como a Chevron?

E acharia o último número tornado disponível pela empresa, o de 2007. Para uma produção então de 2.620 mil barris/dia (praticamente igual à da Petrobras) , os vazamentos de petróleo, segundo os números oficiais da própria Chevron, somaram 9.245 barris, muito mais que o dobro da petroleira brasileira. Estatisticamente, o volume dos acidentes com a Petrobras, em 2010, é 55% menor que o da gigante americana.

(Acrescento este texto, para ficar mais bem compreendidoo que disse: considerada a mesma escala, a produção global das companhias, a Chevron tem um índice de vazamentos mais que o dobro superior ao da Petrobras)

Mas a cegueira provocada pelo ódio leva àquela comparação desonesta. Desonesta, com a Petrobras e, sobretudo, desonesta com o leitor.

E é desonesta porque é sabido que, se tem deficiências, os sistemas de segurança da Petrobras são reconhecidos como excelentes por todos, como registrou, esta semana, até mesmo Miriam Leitão, totalmente  insuspeita de simpatias pela empresa:

“A Petrobras trabalha com políticas de redundância na operação, tem equipes para situações de emergência. É preciso saber se esse protocolo está sendo usado por outras empresas que operam no Brasil.”

Ou será que nem O Globo leva a sério o que diz a Miriam Leitão?

(Por Fernando Brito, Tijolaço, 27/11/2011)


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