O Governo canadense afirmou nesta segunda-feira (28/11) que o Protocolo de Kyoto é "coisa do passado", mas não confirmou nem desmentiu versões na imprensa de que antes do fim de ano anunciaria sua retirada formal do acordo que visa à prevenção dos efeitos do aquecimento global.
O ministro canadense do Meio Ambiente, Peter Kent, apesar de não comentar estas versões, confirmou que o Canadá não assinará a extensão dos objetivos estabelecidos em Kioto durante a COP17 (Cúpula da Organização das Nações Unidas sobre Mudança Climática), realizada até o dia 9 de dezembro na cidade sul-africana de Durban.
Quando perguntado se o Canadá sairá do Protocolo, Kent disse que vai a Durban com o objetivo de conseguir "um mandato para negociar um novo acordo vinculativo que eventualmente inclua todos os principais emissores do mundo".
"Nosso Governo pensa que o compromisso do anterior Governo (canadense) com o Protocolo de Kyoto foi um dos maiores erros já feitos. O compromisso de nosso Governo é com Copenhague e com um plano realista de redução de gases com efeito estufa alinhados com nosso vizinho (Estados Unidos)", acrescentou Kent.
O Protocolo de Kyoto estipulava que para 2012 o Canadá iria reduzir 6% de suas emissões com relação a 1990, mas em 2009 as emissões canadenses tinham aumentado 34% acima das de 1990.
Os poços de Alberta
Grande parte do aumento das emissões é fruto da exploração das areias betuminosas na província de Alberta, considerada uma das maiores reservas de petróleo do mundo, ao lado da Arábia Saudita. Na última década, a região transformou-se em um dos maiores centros econômicos e petroleiros do mundo graças a bilhões de petrodólares.
O Canadá está mergulhado em uma campanha de relações públicas para classificar o petróleo das areias betuminosas como "petróleo ético" em contraposição ao procedente de países árabes e para aplacar as críticas dos grupos ambientais.
Nesta segunda-feira, a imprensa britânica revelou que o Governo do primeiro-ministro David Cameron está dando "apoio secreto" às jazidas de Alberta para evitar que sejam penalizados pela União Europeia por sua elevada taxa de poluição.
As companhias britânicas Shell e BP são duas das principais empresas envolvidas na exploração das areias betuminosas de Alberta.
(EFE / Opera Mundi, 28/11/2011)