A empresa Tokyo Electric Power Company (Tepco), operadora do complexo nuclear de Fukushima afetado pelo grande tsunami de março, refutou em 2008 a possibilidade de que um tsunami com mais de 10 m atingisse a usina e descartou investir em mais segurança na central, informa nesta segunda-feira a agência de notícias Kyodo.
Um departamento interno elaborou há três anos um estudo de proteção no qual sugeriu a hipótese de que um tsunami de 10,2 m afetasse a usina nuclear, desenhada na década de 1970 para resistir ondas de até 5,7 m.
Na época, segundo a Kyodo - que cita uma fonte da Tepco -, os responsáveis do departamento de supervisão nuclear consideraram irrealista o risco de um tsunami de mais de 10 m e, por isso, rejeitaram a necessidade de uma melhora imediata da proteção da usina.
Em 11 de março deste ano, ondas de até 15 m provocadas pelo terremoto de 9 graus na escala Richter na região atingiram o complexo atômico de Fukushima, provocando o pior acidente nuclear desde Chernobyl (1986). O incidente no Japão paralisou os sistemas de refrigeração e causou a fusão do núcleo de três reatores.
Um porta-voz da Tepco afirmou que a empresa pretendia utilizar as conclusões do estudo para melhorar a gestão das instalações depois de as análises serem revisadas por uma entidade nacional de engenharia.
O desastre em Fukushima ainda mantém desabrigadas mais de 80 mil pessoas que residiam em um raio de 20 km da central, área que teve de ser esvaziada e declarada zona de exclusão por causa dos elevados índices de radioatividade liberados pelo acidente.
A crise causou sérios danos à agricultura, pecuária e pesca da região, onde se restringiu o comércio de alguns alimentos, entre eles o arroz - elemento básico da dieta japonesa -, após a detecção de elevados níveis de césio radioativo nos cultivos.
O governo japonês e a Tepco esperam levar os reatores à parada fria, com uma temperatura estável abaixo dos 100 graus centígrados, até o fim deste ano.
(EFE / Terra, 28/11/2011)