Faltando 8 meses para a realização da RIO+20, o Instituto Vitae Civilis, em parceria com a Market Analysis, empresa que estuda mundialmente questões ligadas à sustentabilidade, realizou uma avaliação do nível de conhecimento e do interesse da população brasileira sobre a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (RIO+20), o encontro de alto nível que acontecerá de 20 a 22 de Junho do próximo ano.
A RIO+20 acontecerá 20 anos depois da histórica RIO-92, o encontro de Cúpula que mudou os paradigmas da sociedade mundial a partir da edição de vários documentos que passaram ao longo dos anos a fazer parte do dia a dia de empresas, governos e instituições dos mais variados matizes e ideologias.
A pesquisa foi realizada via telefone no final de Agosto de 2011 com 806 adultos de 18 a 69 anos, de várias classes sociais e regiões do Brasil como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Goiânia. Dos entrevistados 4% pertencem à classe A, 29% à classe B, 49% à classe C e 18% às classes D e E.
Embora 92% dos brasileiros considerem as mudanças climáticas como um problema muito grave da atualidade, e que investir na transição para uma economia de baixo carbono não representa um risco para saúde econômico-financeira do País, apenas 11% dos entrevistados está muito ou parcialmente familiarizado com o evento.
Enquanto 19% indicam ter tido pouco contato com o encontro, dois em cada três admitem não ter ouvido nada sobre a RIO+20. Porém, dentre a minoria exposta à divulgação, o interesse é elevado: 73% destes cidadãos estão interessados nos temas que serão discutidos.
“Apesar da importância e do senso de urgência atribuídas pela população às questões climáticas e seu impacto socioambiental – mesmo que exista um apoio crescente a um modelo de Economia Verde – a RIO+20 se encontra fora do radar dos brasileiros, fruto da escassa visibilidade da pauta na mídia geral, mas também por aparecer descasada dessa agenda. Apenas um em cada 10 brasileiros ouviu falar razoavelmente sobre a Conferência da ONU, o que denota que a comunicação do evento só atinge uma minoria de brasileiros com maior escolaridade e já mobilizados ao redor destes temas”, comenta Fabian Echegaray, Diretor da Market Analysis.
A pesquisa constatou que a divulgação da RIO+20 chegou mais facilmente às classes mais altas e aos consumidores com elevada escolaridade. A população mais consciente sobre o evento está em Recife. Os homens se revelam mais expostos à divulgação do evento do que as mulheres.
Quando perguntados sobre quais os principais assuntos da RIO+20, os cidadãos mais expostos à divulgação sobre a Conferência (11%) apontam majoritariamente a Economia Verde e o Desenvolvimento Sustentável como os temas que estarão no centro da mesa de discussão. Apenas uma minoria identifica a Conferência com outros temas, como “meio ambiente em geral” e “erradicação da pobreza”.
Frente a tais resultados, o Instituto Vitae Civilis avalia que os dados revelam que a RIO+20 ainda não é percebida pela população brasileira como um acontecimento de vulto; mas, dentre o grupo que usualmente se liga nas questões de sustentabilidade, há uma percepção correta tanto sobre a grande importância da Conferência, quanto sobre seus temas centrais.
Ou seja, o assunto ainda não saiu do nicho usual, mas é bem compreendido por esse público. Havia uma preocupação de que a Conferência fosse vista apenas como algo da agenda ambiental, mas felizmente as pessoas percebem que se trata de algo mais amplo, ou seja, do desenvolvimento sustentável em sua acepção ampla: econômica, social e ambiental.
O desafio agora é a população em geral perceba que a RIO+20 é um acontecimento de relevância mundial que colocará o Rio de Janeiro no centro das atenções mundiais. Será um momento muito importante não só para o a cidade e o Brasil, mas para o mundo todo.
No entanto, é preocupante que a poucos meses do encontro a imprensa nacional ainda não tenha acordado para esse fato. Espera-se que esta pesquisa possa servir como um alerta, para que os brasileiros, anfitriões do evento, não sejam os últimos, a saber, do que se passa em seu próprio país.
(Por Aron Belinky*, Mercado Ético, 24/11/2011)
* Aron Belinky Coordenador de Processos Internacionais do Instituto Vitae Civilis (Vitae Civilis)