Diplomatas das nações que mais vêm sofrendo com as mudanças climáticas estão se organizando para repetir o modelo do movimento "ocupe Wall Street" durante a Conferência do Clima (COP17), que começa na próxima segunda-feira (28), caso não haja avanços concretos nas negociações.
José María Figueres, ex-presidente da Costa Rica, é quem está mobilizando as delegações e espera que muitos países que estão indignados com o ritmo lento dos debates internacionais participem.
"Nós fomos a Copenhague com a ilusão de que chegaríamos a um acordo justo. Fomos a Cancún e não vimos nenhum avanço. A frustação agora é profunda e crescente. Iremos a Durban dispostos a não sair de lá até que decisões substanciais sejam tomadas", declarou Figueres.
O descontentamento cresceu ainda mais entre os países vulneráveis depois que a Austrália e a Noruega sugeriram em outubro que um acordo climático só deveria ser discutido após 2015, um plano que ganhou o apoio da União Europeia e dos Estados Unidos.
Segundo a proposta, o ideal seria discutir assuntos mais pontuais e "possíveis" como financiamento e transferência de tecnologia e não entrar em debates sem fim sobre um tratado para limitar as emissões. A proposta foi criticada por Achim Steiner, presidente do braço ambiental da ONU, que a chamou de uma decisão política e não baseada na ciência.
Os países mais vulneráveis ainda não decidiram se apoiarão mesmo a ideia de "ocupar" Durban, mas não descartam a medida.
"Entendemos que a situação financeira da Europa é muito ruim, mas isso não justifica tirar as mudanças climáticas da agenda global. Estamos explorando várias opções de como chamar a atenção para esse problema e não descartamos nada", afirmou Seyni Nafo, porta-voz das nações africanas.
(Por Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil, 24/11/2011)