A China pode ver sua economia desacelerar mais rápido do que se imagina, e não por causa de alguma crise financeira global, mas sim porque não houve, no decorrer das últimas décadas, a atenção necessária com a gestão dos recursos hídricos.
Segundo uma análise do HSBC, nove das 31 províncias da China já sofrem cotidianamente com a falta de água e outras 11 apresentam graves problemas de fornecimento. Assim, pelo menos 14 delas estariam sob o risco de ver sua capacidade industrial reduzida nos próximos anos.
“Acreditamos que o crescimento nessas províncias e das companhias localizadas nelas está ameaçado. Se as autoridades não investirem mais em conservação e em eficiência o PIB chinês deverá sofrer”, afirma a análise.
O governo já deve ter reconhecido essa ameaça, pois o plano quinquienal em vigor (2011-2015) apresenta metas para reduzir em 30% o consumo de água por unidade de produção industrial. Além disso, foi prometido o investimento anual de até US$ 63 bilhões nos próximos 10 anos em projetos hídricos.
Mas ao mesmo tempo, a China não parece ter intenção de frear seus projetos hidroelétricos. Apenas o rio Mekong, do qual mais de 65 milhões de pessoas dependem, já conta com 11 usinas e outras estão em fase de planejamento. Essas hidroelétricas podem estar relacionadas com o maior período de seca da história que atingiu o Mekong no começo deste ano.
Para piorar, segundo Wai-Shin Chan, diretor do HSBC para estratégias de mudanças climáticas para a região da Ásia-Pacifico, muitas companhias chinesas não liberam suas informações e o cenário deve ser ainda mais desolador.
“As empresas deveriam monitorar seu consumo de água, estabelecer metas de redução e comunicar essas informações para os investidores”, concluiu Chan.
(Por Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil, 10/11/2011)