Ontem, com a entrada da Polícia Federal no assunto, o escândalo do vazamento de petróleo começa, ainda que timidamente, a aparecer. E, com ele, as dimensões da mancha de vergonha que cobre a grande imprensa brasileira.
Na Folha, já se fala até que a PF apura até a presença de autoridades americanas na plataforma sem comunicação oficial ao Brasil. Seria isso o que a grande imprensa, segunda-feira, publicava como “” para enfrentar o problema, repetindo os releases da companhia?
Se o distinto leitor procurar na internet, até este momento, não verá nenhum nome de pessoa ligada à Chevron dando qualquer explicação, apenas transcrições dos releases da empresa.
Aliás, para não ser injusto, verá apenas a assessora de imprensa, na quinta-feira passada, dizendo que o desastre era “natural” e, no mesmo dia, uma vaga menção à Sra. Patrícia Pradal, diretora de relações do governos da empresa, a mesma que foi apontada pelo Wikileaks como interlocutora de José Serra.
Não é possível que um simples blog como este, durante cinco dias, tenha podido ter mais informações que toda a grande imprensa, inclusive as imagens da mancha de óleo que só hoje foram publicadas pela Folha.
E, assim mesmo, registrando que a Chevron disse à ANP que a mancha tinha 24 km de extensão, quando na própria reprodução do jornal fica evidente que ela tem mais de 100 km de comprimento e largura variável. Detalhe: a foto é do dia 13, quando as condições atmosféricas ainda permitiam que o mar fosse visto sem nuvens o cobrindo.
Ou seja, a simples imagem desmente a versão da petroleira e ninguém é chamado às falas para explicar.
Ainda assim, muito bom que a Folha a tenha publicado. Em nome do interesse público é vital que tenham começado a aparecer as verdadeiras dimensões do desastre.
Mas, com ela, também vai se revelando a imensa mancha de vergonha que cobre o comportamento da mídia brasileira neste processo.
(Por Fernando Brito, Tijolaço, 17/11/2011)