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2002-06-06
A discussão sobre os riscos e benefícios em torno dos alimentos geneticamente modificados (OGMs), os transgênicos, foi o ponto de partida para a dissertação de mestrado da engenheira química Rafaela Guerrante, da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo, Transgênicos: uma visão estratégica, analisa a literatura com relação aos potenciais riscos e benefícios da tecnologia dos OGMs, avalia os fatores que influenciam a entrada do Brasil no mercado de sementes transgênicas, bem como suas vantagens e desvantagens, e estuda a trajetória das grandes empresas atuantes nesse mercado. O Brasil carece hoje de estudos que possam contribuir para o posicionamento futuro do país nesse mercado. A tese evidencia, também, a similaridade no comportamento estratégico e na trajetória das cinco maiores empresas que hoje atuam no mercado de sementes geneticamente modificadas: Pharmacia (Monsanto), Syngenta, Aventis, DuPont e Dow AgroSciences. A pesquisadora conclui que a decisão do Brasil pela entrada no mercado de sementes geneticamente modificadas depende, fundamentalmente, de questões jurídicas e, em segundo lugar, que as vantagens econômicas para o país manter-se como produtor de sementes convencionais não são tão evidentes. A terceira conclusão é sobre o aumento no número de plantios clandestinos de soja Roundup Ready em vários estados brasileiros, o que tem repercutido negativamente no mercado internacional, uma vez que os importadores começam a desconfiar da isenção de transgenia nas sementes exportadas pelo país. Outra conclusão diz respeito à produção e comercialização de sementes geneticamente modificadas que no Brasil exigirá um sistema de segregação e armazenagem de grãos bem estruturados, especialmente nos portos de embarque, caso o país queira praticar os três tipos de agricultura - a de origem na engenharia genética, a convencional e a orgânica. Além disso, a pesquisadora observou que ainda é forte a rejeição do mercado europeu aos OGMs e seus derivados. Por isso, as empresas produtoras de sementes transgênicas vêm insistindo nas estratégias de marketing na tentativa de mudar o cenário atual. Já a contaminação das culturas convencionais pelas transgênicas é classificada pela pesquisadora como um potencial de risco. Isso ocorre, por exemplo, quando uma plantação de milho convencional está próxima à de milho transgênico e uma contamina a outra por meio da polinização cruzada, que se dá por meio de insetos e do vento. Outro exemplo é a geração de substâncias tóxicas produzidas por sementes modificadas que podem matar insetos e microorganismos, desequilibrando a cadeia ecológica.

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