O governo do primeiro-ministro tailandês Yingluck Shinawatra foi acusado, por veículos locais, de tentar censurar o site de jornalismo-cidadão Thaiflood, que forneceu informações cruciais sobre as enchentes que inundaram 1/3 das províncias do país. Pelo menos 350 pessoas morreram e milhões foram deslocadas por conta do desastre natural.
Noticiários locais informaram que o Centro de Operações de Auxílio à Enchente emitiu uma ordem para que o blog Thaiflood submetesse suas matérias à aprovação do governo antes de serem publicadas. A equipe do blog estava sediada no órgão e trabalhou de maneira colaborativa com o governo por duas semanas.
A relação azedou depois da tentativa de controle. Depois disso, a equipe passou a trabalhar em um escritório particular, publicando também atualizações via Twitter, com a hashtag #thaiflood. Assim, não há interferência do governo – mas também não há acesso ao centro de comando.
Informação independente
O fundador do blog, Poramote Minsiri, contou que se opôs aos pedidos de aprovação das notícias. “Falei que não poderia fazê-lo. Em uma crise, as pessoas estão esperando a informação para sua própria sobrevivência”, afirmou, acrescentando que o governo divulgou informações inadequadas e que sua equipe de crise estava passando por divergências.
“Pedimos ao governo para parar de interferir em sites de notícias independentes que estão desempenhando um papel crucial em manter o público informado sobre o desastre”, afirmou Shawn Crispin, representante do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) no Sudeste Asiático. “É essencial que em uma crise o público tenha acesso a notícias não censuradas, independentes, de modo a proteger suas vidas e salvar outras”.
O governo de Yingluck foi criticado por sua resposta à tragédia natural, que agora ameaça inundar Bancoc. Diversas agências estatais emitiram relatos divergentes e previsões erradas sobre a intensidade e direção da inundação. Estima-se que esta seja a pior enchente na Tailândia nas últimas cinco décadas.
(CPJ / Observatório da Imprensa, com tradução de Larriza Thurler e edição de Leticia Nunes, 27/10/2011)