O primeiro julgamento de vítimas belgas de amianto começou segunda-feira em Bruxelas, onde o grupo suiço-belga Eternit é acusado por uma família dizimada pelo cancro de ter negligenciado a nocividade desta substância utilizada durante décadas na construção.
Cerca de cinquenta pessoas com cartazes, onde se lia "O amianto mata" e "Faça-se justiça", juntaram-se em torno do palácio da Justiça para apoiar as vítimas, segundo a rádio pública belga RTBF.
O processo civil arranca mais de dez anos depois da apresentação de uma primeira queixa por Françoise Jonckheere, mulher de um antigo engenheiro da Eternit, que produzia amianto para o setor da construção.
O engenheiro morreu com um cancro causado pelo amianto em 1987. A mulher, que vivia perto da fábrica, em Kapelle-op-den-Bos, a norte de Bruxelas, também sucumbiu à doença em 2000. Antes de morrer, Françoise Jonckheere apelou aos cinco filhos para que continuassem o seu combate de levar a Eternit à Justiça. Os filhos continuaram o combate, mas entretanto dois também morreram de cancro.
Apesar do amianto só ter sido proibido na Europa em 1998, os queixosos alegam que a Eternit devia conhecer os perigos associados desde os anos 1960.
A Eternit, alvo de processos designadamente em Itália, onde o ministério público pediu 20 anos de prisão para dois antigos dirigentes, não tinha sido levada até agora à Justiça na Bélgica porque indemnizava as vítimas em troca da renúncia a processos judiciais, afirmou Pierre Jonckheere, um dos filhos da família.
A Eternit afirma que "desde sempre adotou as medidas que podiam razoavelmente ser esperadas" da parte da empresa.
"Agora sabemos que as medidas não eram infelizmente suficientes", afirma a Eternit no site da empresa na Internet. Segundo as partes civis, a Eternit prepara-se para alegar a prescrição dos factos.
(Por Emanuel Silva, Lusa / Dnoticias, 26/10/2011)