País vai consumir 2,8 bilhões de litros do combustível, 17% mais que em 2010, segundo associação do setor
O Brasil vai terminar o ano como o maior mercado consumidor de biodiesel do mundo, passando a Alemanha. Segundo projeções da Aprobio (Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil), o país vai produzir e consumir 2,8 bilhões de litros do combustível, 17% mais do que no ano passado.
No país europeu, o consumo deve passar de 2,4 bilhões de litros para 2,6 bilhões de litros. A Alemanha também perderá a posição de maior produtor, mas para a Argentina. A produção argentina vai saltar de 2,1 bilhões de litros para 3,2 bilhões de litros. "Temos capacidade ociosa, mas não conseguimos ser o maior produtor", diz o presidente da Aprobio, Erasmo Battistella, que também preside a BSBios, empresa que se associou recentemente à Petrobras Biocombustível.
Segundo Battistella, os principais entraves são o tamanho do mercado doméstico -a mistura do biodiesel ao diesel é limitada a 5%- e a falta de competitividade para exportar (devido a tributos, câmbio e outros custos).
O setor defende a adoção de um novo plano nacional de biodiesel, com um aumento gradual da participação do produto renovável na mistura final do diesel, para 20% até 2020. "O ideal seria aumentar 1,5 ponto percentual por ano", diz Battistella. "O setor já está maduro e em condições de atender um aumento de demanda, pois estamos trabalhando com 50% de capacidade ociosa."
Desde o lançamento do plano nacional de biodiesel no governo Lula, em dezembro de 2004, o setor investiu US$ 4 bilhões, atingindo uma capacidade de processar 6,1 bilhões de litros neste ano.
A previsão inicial do programa era chegar a 2013 com uma participação de 5% de mistura de biodiesel. "O governo antecipou a medida para 2010, para diminuir a importação de diesel", afirma Battistella.
A Aprobio estima que a ampliação da mistura para 20% poderá levar o setor a investir R$ 28 bilhões até 2020. "Precisamos de uma sinalização do governo para planejarmos o investimento", afirma Battistella, que participou da articulação para a criação, na semana passada em Brasília, da Frente Parlamentar em Defesa do Biodiesel, com a participação de 280 parlamentares.
Além do aumento do mercado doméstico, o setor quer a adoção de uma política de exportação, com redução de impostos, e uma política para estimular novas fontes de matéria-prima.
Atualmente, 85% da produção é feita a partir da soja. Por conta de incentivos previstos no programa, 109 mil famílias de agricultores fornecem grãos para a indústria brasileira. A previsão é que esse número passe para 531 mil até 2020.
(Por Mariana Barbosa, Folha de S. Paulo, 26/10/2011)