Nesta sexta-feira, a China apresentou uma dura repreensão a uma queixa movida por empresas solares norte-americanas, alertando aos Estados Unidos para não tomarem medidas protecionistas que podem prejudicar a economia global.
Na quarta-feira, sete fabricantes solares dos EUA pediram que a administração Obama impusesse taxas de mais de 100% sobre as importações solares da China, que segundo eles colocam preços injustamente inferiores aos dos EUA e prejudicam os empregos norte-americanos.
A controvérsia ocorre em um momento sensível das relações comerciais EUA-China, que estão abaladas pelas preocupações dos EUA em relação ao acesso ao mercado da China, ao tratamento do governo aos direitos de propriedade intelectual e à polêmica discussão sobre o valor da moeda chinesa.
“Se o governo dos EUA entrasse com um processo, adotasse taxas e mandasse um sinal de protecionismo inapropriado, criaria uma sombra sobre a recuperação econômica mundial”, disse um representante do governo em uma declaração no website do Ministério Chinês do Comércio.
“O governo chinês espera que os Estados Unidos respeitem sua promessa de se opor ao protecionismo comercial, evitem adotar medidas protecionistas sobre produtos solares chineses, protejam conjuntamente um ambiente de comércio internacional livre, aberto e justo e adotem meios mais racionais de lidar com atritos comerciais”.
O representante também afirmou que os Estados Unidos estavam vivendo em uma casa de vidro, tendo adotado suas próprias políticas para promover sua indústria interna.
As políticas da China, declarou o representante, se ajustam às regras da Organização Mundial do Comércio e foram criadas para lidar com as mudanças climáticas e a segurança energética, esforços nobres que os Estados Unidos deveriam apoiar.
“Os EUA não têm razão para criticar os esforços de outros países para melhorar o meio ambiente mundial, e deveriam em vez disso, fortalecer a cooperação com outros países na esfera da energia solar para responder conjuntamente aos desafios climáticos e ambientais”, disse o representante.
A declaração também cita um relatório da Associação da Indústria Solar dos EUA que afirma que o valor da exportação de equipamentos solares e matérias-primas norte-americanas para a China ultrapassou as importações da China, atingindo um excedente de US$ 1,9 bilhão.
A queixa das companhias dos EUA – apresentada na Comissão Internacional do Comércio e no Departamento de Comércio dos EUA contra a segunda maior economia do mundo – atraiu o ceticismo para essa indústria, já que muitos temem que uma guerra comercial possa atrapalhar o crescimento.
Muitos executivos dos Estados Unidos e da Europa têm reclamado há anos sobre o impacto da China no mercado solar, mas a maioria também afirma que os negócios se tornaram tão globalizados que penalizar um país não ajudaria as companhias que estão lutando para sobreviver.
No início desta semana, Gordon Brinser, o presidente da SolarWorld Industries Americas Inc, declarou em uma entrevista coletiva que os fabricantes chineses de produtos de energia solar tinham recebido uma longa lista de subsídios governamentais ilegais na China e vendido seus produtos com grandes descontos para ganhar uma participação no mercado dos EUA.
(Por Michael Martina, com tradução de Jéssica Lipinski, Reuters* / Instituto CarbonoBrasil, 21/10/2011)