A FAPESP e o laboratório Glaxo SmithKline Brasil (GSK) assinaram na última sexta-feira (21/10), em São Paulo, uma carta de intenção que prevê aporte compartilhado de recursos para apoio a pesquisas sobre doenças tropicais no Estado de São Paulo.
O documento foi assinado pelo presidente da FAPESP, Celso Lafer, e pelo diretor da GSK para a América Latina e o Caribe, Rogério Rocha Ribeiro. A cerimônia teve ainda a participação do ministro da Saúde do Reino Unido, Simon Burns, do diretor-presidente da FAPESP, Ricardo Renzo Brentani, e do cônsul-geral britânico, John Dodrell.
A colaboração entre a FAPESP e a GSK Brasil foi estabelecida no âmbito do Projeto Trust in Science, iniciativa internacional do laboratório que também envolve, no país, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
As pesquisas serão desenvolvidas com apoio da FAPESP no Programa Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), em cooperação entre pesquisadores de instituições de ensino superior e pesquisa no Estado de São Paulo e do laboratório.
“Há alguns anos a FAPESP se empenha na dimensão da internacionalização, seja por meio do aumento das cooperações com o setor privado, seja a partir de acordos de interesse comum entre nações. Este documento se insere nesse esforço e prevê o estabelecimento de mecanismos de apoio a projetos de interesse mútuo para o avanço do conhecimento sobre doenças tropicais relevantes para a saúde pública no Brasil e no mundo”, afirmou Lafer.
Lafer destacou que o acordo poderá gerar descobertas que trarão benefícios para o Brasil e para o mundo. “O Estado de São Paulo tem uma base científica altamente significativa que poderá dar uma contribuição importante para o conhecimento em âmbito mundial. E no contexto global, a pesquisa é uma tarefa essencialmente internacional”, declarou.
Burns afirmou que o governo britânico determinou um aumento das colaborações internacionais em pesquisas relacionadas à saúde. “Estamos focados em estimular as empresas a encarar o desafio de desenvolver a próxima geração de medicamentos. A cooperação internacional é absolutamente fundamental para que esses objetivos sejam atingidos”, disse.
Segundo Ribeiro, o acordo foi moldado de forma aberta e flexível, a fim de permitir a otimização da troca de experiências entre a GSK e a FAPESP. “A ideia é identificarmos projetos de interesse para ambas as instituições e por meio deles alavancar a transferência de conhecimento. Trabalhamos com a possibilidade de levar cientistas do Brasil para que trabalhem com centros de pesquisa globais da GSK e vice-versa”, disse Ribeiro à Agência FAPESP.
Ribeiro afirmou que a GSK identificou algumas áreas terapêuticas de interesse que poderão ser consideradas futuramente nas chamadas de propostas. “As principais áreas de interesses da GSK são as doenças negligenciadas, doenças crônicas, doenças metabólicas, diabetes e doenças respiratórias. A ideia é abrir ainda mais esse leque”, disse.
De acordo com ele, o objetivo é apoiar a pesquisa acadêmica em projetos de ciência aplicada, que eventualmente levem ao desenvolvimento de medicamentos, vacinas e produtos, que possam ter grande impacto na saúde pública.
“Nosso sonho é que essa cooperação nos leve, por exemplo, a alguma nova molécula que tenha impacto não só no Brasil e na América Latina, mas em todo o mundo, fazendo com que a pesquisa brasileira beneficie todo o planeta”, disse.
A assinatura da carta de intenção, segundo Ribeiro, é também um reconhecimento da capacidade de pesquisa de São Paulo. Segundo ele, não seria viável pensar em uma parceria semelhante se não houvesse no estado infraestrutura, base científica e uma predisposição para trabalhar de maneira aberta.
“As condições foram propícias. São Paulo, que está na vanguarda da ciência no Brasil, com muitas parcerias com diversas instituições e inúmeras áreas, cria condições ideais para encontrarmos parceiros de trabalho. A FAPESP sem dúvida nenhuma é um parceiro espetacular, porque já tem todo o know-how e a infraestrutura montada para alavancar essa experiência com a GSK”, afirmou.
O documento prevê que a GSK será responsável por dar apoio financeiro, especificar áreas temáticas de interesse para empresa e irá cooperar com a FAPESP na publicação de chamadas de propostas. O laboratório oferecerá ainda contribuição técnica para o trabalho e se dispõe a realizar esforços para construir boas relações de longo prazo com a comunidade paulista de pesquisa.
A FAPESP será responsável por fornecer suporte financeiro em proporção igual às contribuições da GSK e cooperar com o laboratório na seleção de propostas de pesquisa na regulamentação de direitos de propriedade intelectual.
A Fundação também organizará o processo de chamadas de propostas e a administrará os financiamentos para os pesquisadores responsáveis pelos projetos aprovados, além de acompanhar os relatórios de resultados.
Veja o texto da carta de intenção: http://www.fapesp.br/6639
(Por Fábio de Castro, Agência Fapesp, 24/10/2011)