Mecanismo permitirá ajudar países pobres a enfrentar mudança do clima. Dirigente das Nações Unidas diz que lançamento deve ocorrer em 2013
Um comitê da Organização das Nações Unidas (ONU) concluiu o esboço de um fundo destinado a ajudar os países em desenvolvimento a enfrentarem a mudança climática, o que permitirá o seu lançamento em 2013, disse nesta sexta-feira (21) Christiana Figueres, principal dirigente da ONU para questões climáticas.
Países de todo o mundo decidiram em 2010, durante a COP 16, realizada no México, criar o "Fundo do Clima Verde" de modo a canalizar até 2020 em torno de US$ 100 bilhões por ano para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentarem a mudança climática global.
Um comitê internacional encarregado de moldar o fundo se reuniu nesta semana na África do Sul, mas algumas organizações acusaram os Estados Unidos e a Arábia Saudita de atrapalharem o processo.
Negociadores de todo o mundo vão discutir e, eventualmente, aprovar o modelo na Conferência das Partes (COP 17) que vai acontecer em Durban, na qual praticamente não há mais chance de que seja selado um novo tratado climático de cumprimento obrigatório, para vigorar a partir de 2013 no lugar do Protocolo de Kyoto, acordo que reúne os principais países emissores de gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global.
Envolvimento do setor privado
"O comitê encerrou seu trabalho submetendo à consideração e à aprovação em Durban tanto um esboço de instrumento para o Fundo do Clima Verde quanto recomendações sobre os acordos transitórios para que ele seja lançado", disse Christiana, que é secretária-executiva da Convenção Quadro da ONU para a Mudança Climática.
A proposta, segundo ela, "inclui um forte sinal para envolver o setor privado, e uma sólida base para desenvolver operações impulsionadas pelos países por meio de acesso direto às verbas".
"Uma vez aprovada em Durban, (as recomendações) permitirão que o fundo cresça bem rapidamente, especialmente com a melhora do ambiente financeiro, e estaria aberto o caminho para um estabelecimento bastante rápido do fundo em 2012, e para operações iniciais plenas em 2013", acrescentou.
Negociações
Diplomatas e ambientalistas que participaram da rodada de negociações do clima na cúpula do Panamá, última reunião antes do encontro sul-africano, temem pela "morte" de Kyoto.
Representantes de 200 países finalizaram a discussão de ideias com a esperança de encontrar um possível acordo nas conversações na Conferência das Partes (COP 17) que acontecerá entre novembro e dezembro.
Entretanto, não existiram sinais de uma solução para uma questão urgente: o que fazer depois de 2012, quando expira o prazo de validade do compromisso das nações ricas para reduzir as emissões de carbono que, segundo cientistas, traz graves consequências à saúde do planeta.
A União Europeia é o principal defensor do protocolo em vigência e está disposta se comprometer a novas obrigações quando este acordo acabar. Entretanto, Canadá, Japão, Rússia, além dos Estados Unidos (que não compõe o Protocolo de Kyoto), insistem que qualquer nova ação deve incluir todas as grandes economias, o que inclui a China, um dos principais emissores mundiais.
(G1, com informações da Reuters, 21/10/2011)