O centro de La Paz parou nesta quarta-feira (19/10) para receber o grupo de indígenas que, após 66 dias de passeata, chegou à capital boliviana. Eles protestam contra a construção de uma estrada que atravessaria a maior reserva indígena e natural do país, e caminharam mais de 500 quilômetros para pressionar o presidente Evo Morales a paralisar a obra.
Milhares de opositores ao governo homenagearam os manifestantes nas calçadas, ou se somaram à marcha de forma espontânea. Os índios foram recebidos com festas e presentes. "Nunca pensamos nesta recepção que já faz parte da história dos bolivianos", disse o líder da Cidob (Confederação de Povos Indígenas da Bolívia), Adolfo Chávez.
Os indígenas são contra a construção da estrada na área em questão, o Tipnis (Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure), de 1,2 milhões de hectares, porque acreditam que a estrada provocará a invasão de suas terras por madeireiros e produtores de coca.
O ministro da Comunicação da Bolívia, Ivan Canelas, disse em entrevista coletiva que a chegada da passeata à praça Murillo foi permitida, mas advertiu sobre a presença de ativistas políticos que podem provocar violência.
Os indígenas, segundo Chávez, dedicarão o dia para receber os diversos setores que lhes apoiaram e na quinta-feira esperam concretizar o diálogo finalmente aceito por Morales para analisar suas reivindicações, após dois meses de negociações.
(EFE / Opera Mundi, 19/10/2011)