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mata atlântica política ambiental de sc florestas tropicais
2011-10-10 | Rodrigo

Inventário florístico florestal catarinense, apresentado no final de setembro, revela que cerca de 30% do estado é coberto por florestas, mas 95% delas são secundárias, e detém apenas 40% do seu volume original

No final do mês de setembro, a Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), apresentou os resultados de quatro anos de pesquisa do Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina (IFFSC). E o resultado é bastante preocupante: com a biodiversidade e o volume reduzidos, as florestas catarinenses não estão conseguindo cumprir suas funções ambientais.

Segundo o estudo, atualmente 30% do território do estado está coberto por florestas, mas 95% delas são florestas secundárias, ou seja, florestas regeneradas após sofrerem cortes ou abandono de cultivo agrícola ou florestas primárias exploradas intensa e repetidamente durante muito tempo.

Por causa dessa sobre-exploração, as florestas catarinenses mantiveram apenas 40% de seu volume original, e apenas 20% de sua diversidade biológica. Com isso, os bosques passaram a não conseguir mais proteger o solo, não tendo capacidade para absorver toda a água das chuvas, o que pode causar enchentes e erosões.

De acordo com Alexander Vibrans, coordenador do inventário, há um conjunto de fatores que contribui para essa degradação além da tradicional expansão das áreas de uso agropecuário. “Falta há muito tempo uma política florestal que se preocupe com o terço do território que é coberto por florestas nativas”.

“Nunca existiu uma extensão florestal que tratasse desta vegetação, que é a base de nossa sobrevivência (protege o solo, absorve e armazena água, carrega tanto os mananciais como os aquíferos subterrâneos, ameniza os extremos climáticos, armazena carbono, guarda o tesouro da biodiversidade). Nunca foi atribuído valor à terra com florestas nativas, elas historicamente foram consideradas um impedimento para o progresso”, acrescentou Vibrans.

Segundo ele, devido ao fato de haverem constantes degradações nas florestas restantes, elas não conseguem se regenerar. “Torna-se urgente recuperar estas florestas por duas maneiras: deixando elas se recuperarem sozinhas sem as intervenções prejudiciais; ou a recuperação ativa, com plantios de adensamento (de espécies existentes nas florestas) ou enriquecimento (reintrodução de espécies que já não existem mais na floresta)”.

Além do estudo florestal, houve também uma pesquisa socioeconômica no IFFSC desenvolvida pela Epagri, a fim melhor analisar as causas da atual situação dos bosques e conhecer os anseios da população rural. Conforme este estudo, há desconhecimento da legislação ambiental, e falta de compromisso com as florestas.

“Entrevistamos 777 famílias e identificamos falta de conscientização, distanciamento das pessoas para a mata, êxodo e quebra na passagem das tradições, principalmente no conhecimento das plantas medicinais”, afirmou Juarez Müller, coordenador do estudo socioeconômico, ao jornal Notícias do Dia.

No entanto, Vibrans acredita que o estudo da situação florestal do estado é o primeiro passo para que se possa criar medidas para a proteção do que ainda resta dos bosques, e quem sabe até para recuperá-los.

“Com a análise genética das populações destas espécies feita pelo inventário, é possível indicar regiões para coleta de sementes de boa qualidade para produzir as mudas para estes plantios”. Entre as espécies analisadas estão araucárias, ervateiras, cedros, cabreúvas, sobrajis, olandins etc.

“Esperamos que isso agora comece a mudar no nosso estado com a adoção de medidas concretas de proteção e de recuperação dos remanescentes e com o pagamento por serviços ambientais, que é uma perspectiva muito promissora e necessária para o problema, e vai começar a ser implantada em breve”, adicionou.

Para ele, é tarefa da extensão florestal, baseada nas descobertas do levantamento socioambiental realizado pela Epagri dentro do IFFSC, trabalhar a percepção do uso e das potencialidades dos recursos florestais junto à população, com objetivo de melhorar a condição dos bosques.

“Extensão, tecnologia de recuperação e incentivos financeiros pela proteção de florestas nas propriedades – isto é que tem que acontecer com urgência em ações integradas entre Secretaria do Desenvolvimento Sustentável (SDS), Secretaria da Agriculta e Desenvolvimento Rural (SAR), Epagri e Universidades”, finalizou.

(Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil, com informações do Notícias do Dia, 07/10/2011)


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