Área no Acre foi preparada por dois meses para ser consumida pelo fogo. Trabalho reuniu pesquisadores de diversas instituições
Em quatro hectares de floresta foi realizada uma verdadeira operação científica. Pesquisadores de diversas instituições enfrentaram um calor de 40 graus Celsius e o clima seco, no Acre. Nesse período do ano na Amazônia acontecem as queimadas, que transformam a floresta em pasto.
A área estudada foi preparada durante dois meses para ser consumida pelo fogo, sendo que, desta vez, os pesquisadores serão responsáveis pelo incêndio. Na clareira aberta foi realizada a identificação, a medição das árvores e a coleta de amostras do solo. Uma torre de mais de 15 metros foi montada com equipamentos que ajudam na coleta de informações e foram passadas instruções para a segurança da equipe.
A partir dos dados coletados com a queimada controlada será possível calcular a quantidade de gases emitidos para a atmosfera e as consequências para o planeta. A pesquisa possibilitará quantificar os níveis de dióxido de carbono emitidos durante a queima, identificar como os nutrientes do solo reagem às altas temperaturas e conhecer como as micropartículas no ar podem causar danos ao sistema respiratório humano.
"Quanto mais precisos os dados, mais nós teremos ideia das ações que devem ser tomadas para prevenir desmatamentos e o quanto poderíamos deixar de desmatar para ter um ciclo sustentável", explica João de Carvalho Júnior, coordenador do projeto. Os resultados contribuirão também para a implementação de políticas públicas que ajudem na preservação da floresta.
"Com essas informações nós podemos subsidiar os governos estaduais no que diz respeito à quanto se deixa de emitir para a atmosfera em termos de carbono quando não se queima a floresta. Essa quantidade é um patrimônio do produtor rural que, no avançar das negociações do mercado de carbono internacional, pode ser uma fonte de renda”, esclarece Falberni Costa, agrônomo da Embrapa. Os resultados da pesquisa devem ser divulgados em um ano.
(Globo Rural / G1, 05/10/2011)