Os surucuás, conhecidos cientificamente como Trogon sp., são maravilhosas aves de plumagem e pálpebras coloridas. Mesmo com nove espécies de ocorrência em nosso país, esses seres alados não são muito conhecidos entre os brasileiros.
Os surucuás são aves importantíssimas para manutenção natural das florestas tropicais, já que se alimentam ─ além de artrópodes ─ de frutos com sementes grandes que são pouco consumidos entre outros animais. O ornitólogo Prof. Dr. Marco Aurélio Pizo estudou os hábitos alimentares de três espécies de Trogons de ocorrência na Mata Atlântica, Trogon viridis, T. Surrucura (Foto) e T. rufus. O estudo foi realizado no Parque Estadual Intervales, em São Paulo, onde as espécies ocorrem sintopicamente.
Embora alguns possam se alimentar de pequenos vetebrados, Pizo confirmou que a dieta dessa aves é baseada em frutos e artrópodes. Durante a estação seca, entretanto, um individuo de Trogon viridis foi observado pelo pesquisador comendo uma espécie de flor não identificada.
Pizo conta que as três espécies diferiram em sua pesquisa em relação à proporção de frutos e artrópodes de que se alimentam; T. viridis foi a espécie mais frugívora com 66% dos registros, seguida por T. surrucura com 25% e T. Rufus com 14,3%. A alimentação por frutos e artrópodes não mudou entre as estações seca e úmida em nenhuma das espécies. A diferença no grau de frugivoria indicada pelo pesquisador pode ter consequências importantes para a territorialidade e organização social dos surucuás.
Em seu artigo, Pizo destaca um estudo que mostrou o Trogon viridis sendo quase que unicamente frugivoro, enquanto o Trogon surrucura e o Trogon rufus estão mais perto de serem insetivoros, mesmo com mais de 35% da alimentação de ambas as aves baseada em frutos, confirmando assim os dados observados em seu própio estudo.
Ainda é preciso que mais estudos sejam realizados com esses belos animais pantropicais para comprender sua verdadeira importância ecológica no papel de dispersores especialistas. Certamente isso é essencial à floresta tropical, basta entender melhor a biologia dessas aves.
Para ler o artigo completo (em inglês) do Prof. Dr. Marco Aurélio Pizo clique aqui.
(Por Bruno Francheschi Troiano*, Scientific American Brasil, 05/10/2011)
* Biólogo, é colaborador de Scientific American Brasil