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areias betuminosas transcanada política ambiental dos eua
2011-10-04 | Rodrigo

Com o governo Obama prestes a decidir se dá sinal verde para um controverso oleoduto, que levará óleo cru das areias betuminosas do Canadá para a Costa do Golfo americana, e-mails divulgados na segunda-feira pintam um quadro de um relacionamento às vezes caloroso e colaborativo entre os lobistas da empresa que está construindo o oleoduto bilionário e as autoridades do Departamento de Estado, a agência que tem a palavra final sobre o oleoduto.

Grupos ambientais disseram que os e-mails são perturbadores e evidência de “cumplicidade” entre a TransCanada, a empresa do oleoduto, e as autoridades americanas encarregadas de avaliar o impacto ambiental do oleoduto.

Os e-mails, o segundo lote divulgado em resposta a um pedido com base na Lei de Liberdade de Informação impetrado pelo grupo ambiental Amigos da Terra, mostra que uma alta funcionária do Departamento de Estado, na embaixada americana em Ottawa, procurando convites para as festas do 4 de Julho (a independência dos EUA) para diretores da TransCanada, compartilhando informação com a empresa sobre as reuniões da secretária de Estado, Hillary Rodham Clinton, e animando a TransCanada em sua tentativa de obter aprovação para o oleoduto gigante, que poderia transportar 700 mil barris por dia.

“Você vê autoridades que veem como sua função não ser uma agência de supervisão, mas sim uma facilitadora dos planos da TransCanada”, disse Damon Moglen, diretor do projeto de clima e energia da Amigos da Terra.

Apesar dos e-mails se referirem a múltiplos encontros entre representantes da TransCanada e secretários-assistentes de Estado, ele disse, esse acesso foi negado aos grupos ambientais que buscavam opinar nas discussões. Os grupos ambientais argumentam que o oleoduto, conhecido como projeto Keystone XL, resultaria em emissões inaceitavelmente altas e perturbaria ecossistemas imaculados.

Antes de ser o lobista chefe da TransCanada em Washington, Paul Elliott foi um importante integrante da campanha presidencial fracassada de Hillary Clinton em 2008.

Muitos dos novos e-mails são entre Elliott e Marja Verloop, a consultora jurídica para energia e meio ambiente da embaixada em Ottawa. Em 10 de setembro de 2010, em resposta a um e-mail de Elliot anunciando que o senador Max Baucus, de Montana, apoiava o oleoduto, Verloop escreveu: “Manda ver, Paul!”

Em um e-mail para David Jacobson, o embaixador americano no Canadá, ela descreveu a TransCanada como “à vontade e a bordo” com alguns desdobramentos no processo de revisão.

Wendy Nassmacher, uma porta-voz do Departamento de Estado, contestou que os e-mails mostravam uma inclinação pró-oleoduto.

“Nós estamos comprometidos com um processo amplo, justo e transparente”, ela disse em um e-mail no domingo. “Durante todo o processo nós estivemos em comunicação tanto com a indústria quanto com grupos ambientais, tanto nos Estados Unidos quanto no Canadá.”

Ela notou que o Departamento de Estado realizou audiências na semana passada em comunidades ao longo da rota do oleoduto proposto.

O Departamento de Estado está encarregado de autorizar os oleodutos que cruzam fronteiras nacionais de acordo com o “interesse nacional”, e está pesando o impacto ambiental do Keystone XL com o benefício da ampliação do fornecimento de combustível aos Estados Unidos.

Seu terceiro e último relatório de impacto ambiental, divulgado no final de agosto, disse que o oleoduto teria “impactos ambientais adversos limitados” se operado de acordo com as regulamentações. A Agência de Proteção Ambiental, que pode oferecer comentários sobre esses oleodutos, mas não tem poder para interferir em sua autorização, criticou fortemente os levantamentos ambientais anteriores do Departamento de Estado como sendo inadequados, mas ainda não comentou o relatório mais recente.

Apesar de que o oleoduto ajudaria a assegurar aos Estados Unidos um suprimento estável de combustível de um vizinho amistoso, grupos ambientais são contrários a ele porque grande parte do petróleo viria de areia betuminosa subterrânea, e a extração do óleo cru das rochas produz emissões pesadas e destrói as florestas sobrejacentes. Além disso, o oleoduto passaria pelo Aquífero de Ogallala, uma das principais fontes de água do Meio-Oeste, onde um vazamento seria desastroso.

Apesar de alguns dos e-mails divulgados na segunda-feira apontarem uma familiaridade estreita entre Elliott e os funcionários do Departamento de Estado, outros revelaram um relacionamento às vezes tenso e conflitante.

As autoridades em Washington rejeitaram repetidamente e rechaçaram pedidos para reuniões com executivos da TransCanada, mesmo enquanto tentavam agradar o Canadá, um aliado estreito; o Keystone XL conta com forte apoio do governo canadense e forneceria um novo escoadouro lucrativo para o petróleo canadense.

Neste ano, por exemplo, as autoridades do Departamento de Estado tiveram dificuldade para responder a um pedido de Elliott para uma segunda reunião com Jose W. Fernandez, o secretário-assistente para economia, energia e negócios.

“Eu definitivamente acho que Fernandez NÃO deveria se encontrar com o pessoal da TransCanada a esta altura”, disse um e-mail. Outro acrescentou: “Seria incomum para um secretário-assistente se encontrar duas vezes com uma mesma empresa em um espaço tão curto, e não estaríamos enviando uma mensagem de não disposição de nos encontrarmos, já que outros de nós se reunirão com eles”.

Grupos ambientais há muito argumentam que o lobby de Elliott junto ao Departamento de Estado é um sério conflito de interesse, já que ele serviu como vice-diretor nacional de campanha de Hillary Clinton e foi chefe da seleção de delegados em 2008.

Os e-mails mostram que funcionários do Departamento de Estado estavam cientes da questão, buscando orientação junto a Philip J. Crowley, que foi o secretário de imprensa de Clinton, sobre como lidar com ela. O departamento disse que a decisão sobre permitir ou não o oleoduto “não será influenciada pelos relacionamentos anteriores que os atuais funcionários do governo tiveram”.

Uma decisão final sobre o oleoduto deverá ser tomada no final do ano.

No lote anterior de e-mails, divulgados em setembro, funcionários do Departamento de Estado pareciam às vezes orientar os representantes da TransCanada sobre como maximizar suas chances para aprovação do oleoduto. Esse tom também está presente no lote atual de mais de 200 páginas de documentos.

Em 14 de dezembro, Verloop enviou para Elliott uma cópia de um artigo que levantava dúvidas sobre os conflitos de interesse dele, com informação sobre a viagem de Hillary Clinton ao Canadá para uma reunião dos ministros das Relações Exteriores da América do Norte, notando: “Supervisionei a viagem da secretária a Ottawa para o trilateral. KXL não foi mencionado, mas Doer voltou no avião com ela”. Gary Doer é o embaixador do Canadá nos Estados Unidos.

Elliott respondeu dizendo que a cobertura o deixou doente.

Verloop respondeu: “Lamento pela dor de estômago, mas no final, foi precisamente pelos seus contatos que você foi contratado”. Como ênfase, ela adicionou um emoticon com a testa franzida.

O Departamento de Estado negou inicialmente o pedido dos Amigos da Terra com base na Lei de Liberdade de Informação, em janeiro, para divulgação dos documentos ligados às comunicações entre Elliott e o departamento,  impetrado conjuntamente com o Centro para Lei Ambiental Internacional e Ética Corporativa Internacional. Ele posteriormente reverteu sua decisão, mas não acelerou a divulgação dos documentos.

Os e-mails se tornaram públicos meses depois, apenas após um juiz exigir um relatório mensal sobre como o Departamento de Estado estava cumprindo sua obrigação segundo a Lei de Liberdade de Informação, segundo Moglen.

Ele espera que muito mais e-mails sejam divulgados, já que os dois primeiros lotes não incluem documentos relevantes de muitos cantos do departamento, como do Birô de Oceanos e Assuntos Ambientais e Científicos Internacionais.

(Por Elisabeth Rosenthal, com tradução de George El Khouri Andolfato, The New York Times / UOL, 04/10/2011)


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