Três meses. Este é o prazo estimado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) para que novas estações telemétricas comecem a funcionar no Vale do Itajaí. Os nove aparelhos, que transmitem dados sobre o nível e a vazão dos rios via satélite em tempo real, foram repassados em um convênio com a Agência Nacional de Águas (ANA), que investiu R$ 320 mil nos novos equipamentos.
A expectativa é que o novo sistema preencha a lacuna deixada pelos sistemas de monitoramento usados até hoje, que ainda não conseguiram cumprir a função de preparar os municípios para enchentes.
Blumenau, Brusque, Vidal Ramos, Ituporanga, Rio do Sul, Apiúna e Timbó receberão um aparelho cada e Taió ganhará dois. Os municípios já possuem equipamentos de telemetria da Epagri, mas as estações foram implantadas 15 anos atrás e estão obsoletas, de acordo com Nelso Figueiró, pesquisador do órgão e gestor do projeto de implantação e monitoramento das novas estações.
– A ANA está substituindo esses equipamentos para ajudar o governo de Santa Catarina a passar pelos momentos críticos – explica o gerente de Planejamento da Rede Hidrometereológica da ANA, Fabrício Vieira Alves.
Hoje, a agência possui, em parceria com a Epagri, 12 estações automatizadas que incluem, além das do Vale do Itajaí, outras no Sul do Estado, mais modernas. Há ainda 99 estações de monitoramento presencial, em que uma pessoa da comunidade é paga para verificar duas vezes por dia o nível do rio e o volume de chuvas, e produzir um relatório mensal.
O Vale do Itajaí conta também com um sistema que emite dados via celular, operado pela Furb. Mas problemas de transmissão prejudicam o acompanhamento, conforme foi mostrado na reportagem Por que é difícil prever a enchente, publicada na edição do Jornal de Santa Catarina do dia 1º de setembro.
– Em períodos críticos, a transmissão via celular pode ficar indisponível. Com o sistema via satélite vamos ter a garantia de uma transmissão de dados de hora em hora – diz Vieira Alves.
Agência enviará equipamentos sobressalentes e peças de reposição
Para evitar transtornos, a agência promete ceder, além das nove estações que serão instaladas, outras três sobressalentes, além de peças de reposição. Mas para que o sistema seja eficiente, Vieira Alves alerta que é preciso um esforço conjunto que garanta à população o acesso aos dados:
– É preciso informações em tempo real nas telas dos computadores de quem toma as decisões, mas também articulação para que a população saiba quando sair de casa.
O primeiro passo para a implantação do sistema será a instalação de canos para colocar os medidores de nível nos rios. Esse trabalho começa na próxima semana e, segundo Figueiró, deverá ser concluído até o final de 2011. A partir daí, a ANA acompanhará de perto o funcionamento do sistema por um ano.
Multimídia: Como funciona o sistema de telemetria | Como deveria ser
(Por Dagmara Spautz, Jornal de Santa Catarina, 30/09/2011)