A empresa Bayer anunciou que retirará do mercado os agrotóxicos mais perigosos (classe 1). Os produtos formulados classificados nesta categoria deixarão de ser vendidos no final de 2012
Para Philipp Mimkes, da Coordenação Contra os Perigos da Bayer (CBG), “trata-se de um grande êxito para as organizações ambientais e associações de agricultores que há muitos anos lutam contra a utilização de agrotóxicos letais. Mas não podemos nos esquecer que a Bayer já rompeu sua promessa de retirar do mercado as formulações mais perigosas antes do ano 2000. Desde então muitas vidas humanas poderiam ter sido salvas! Além disso, é vergonhoso que a empresa tenha decidido retirar do mercado estas bombas químicas somente quando elas já não trazem lucros suficientes”.
A CBG escreveu uma carta aberta à presidência da Bayer, que foi assinada por duzentas organizações de quarenta países. Nas assembleias gerais da empresa, em diversas ocasiões ativistas intervieram exigindo o fim da venda dos agrotóxicos classe 1.
Com uma participação no mercado em torno de 20%, a Bayer Cropscience é a segunda maior fabricante de agrotóxicos do mundo.
Em seu informe anual de1995, a empresa havia anunciado o seguinte: “Em um programa de três pontos, para os próximos cinco anos propomo-nos metas claras com respeito ao desenvolvimento e comercialização de produtos fitossanitários. Deste modo, continuaremos reduzindo a dose de produto necessária por aplicação e iremos substituindo os produtos de toxicidade classe 1 por formulações menos tóxicas”. Não obstante, depois de 2000 produtos classe 1 como o tiodicarbe, dissulfoton, triazofós, fenamifós e o metamidofós continuaram presentes nos catálogos da Bayer.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, anualmente, entre 3 e 25 milhões de pessoas sejam intoxicadas por agrotóxicos. Estas intoxicações custam a vida de pelo menos 40 mil pessoas por ano -- e a cifra real é certamente bem mais elevada. Ao redor de 99% das intoxicações acontecem nos países do Sul. Os produtos classe 1, os mais perigosos, são os responsáveis por boa parte dos danos à saúde que se dão nesses países.
A CBG exige ainda que se retire da venda em todo o mundo o herbicida glufosinato (“Liberty”). Esta substância está classificada como perigosa na gestação, já uqe provoca malformações no feto. O produto está incluído no conjunto de 22 agrotóxicos que, segundo a nova legislação da UE sobre o tema, deverão desaparecer do mercado. Há poucas semanas a empresa deixou de vender o Liberty na Alemanha.
Entretanto, há dois anos a Bayer inaugurou em Huerth (Colônia - Alemanha) uma nova fábrica do produto para aumentar a exportação para países fora da UE. Para a CBG, um “caso claro de duplo padrão de qualidade”.
N.E.: No Brasil a CTNBio já autorizou 9 variedades transgênicas tolerantes à aplicação do herbicida Liberty (glufosinato de amônio) - o que, assim como no caso da soja tolerante ao glifosato, levará a estrondosos aumentos no uso do veneno.
(AS-PTA / MST, 29/09/2011)