O Japão terá de retirar 29 milhões de metros cúbicos de terra contaminada por radiação na região de Fukushima, numa área quase equivalente à de Tóquio, disse o Ministério do Meio Ambiente na primeira estimativa oficial sobre a dimensão dessa tarefa.
Seis meses depois do terremoto e do tsunami de 11 de março que desencadearam o pior acidente nuclear do mundo nos últimos 25 anos, a contaminação atinge níveis alarmantes em até 2.400 quilômetros quadrados, abrangendo Fukushima e outras quatro prefeituras do norte do país, segundo relatório divulgado na terça-feira pelo ministério.
A Prefeitura Metropolitana de Tóquio, para efeito de comparação, tem 2.170 quilômetros quadrados. Segundo a agência de notícias Kyodo, o Ministério do Meio Ambiente solicitou 450 bilhões de ienes adicionais no terceiro suplemento orçamentário a ser enviado pelo governo em outubro ao Parlamento, com validade até março.
Até agora, o governo já conseguiu 220 bilhões de ienes (2,9 bilhões de dólares) para o trabalho de descontaminação. Alguns especialistas dizem que a tarefa pode consumir trilhões de ienes.
O relatório trabalha com a hipótese de que seja removida uma camada de 5 centímetros da superfície, possivelmente contaminada com césio, e que também precisaria haver a retirada de grama e de folhas caídas das florestas, e de poeira e folhas dos bueiros. No total, esse material poderia somar 29 milhões de metros cúbicos de lixo radiativo, algo suficiente para encher 23 estádios de beisebol com capacidade para 55 mil espectadores.
O governo ainda precisa decidir onde armazenar temporariamente esses dejetos, e como se desfazer deles permanentemente.
O Japão proíbe o aceso de pessoas num raio de 20 quilômetros em torno da usina, que fica cerca de 240 quilômetros a nordeste de Tóquio. Cerca de 80 mil pessoas precisaram deixar suas casas.
O governo almeja a reduzir pela metade em dois anos o nível de radiação em lugares contaminados, o que pode acontecer pela redução natural da radiatividade e por esforços humanos.
A estimativa do ministério prevê que a limpeza deve acontecer principalmente em áreas onde as pessoas estariam expostas a uma radiação de 5 milisieverts (mSv) ou mais anualmente, excluindo a exposição por fontes naturais.
O sievert é uma unidade de medida para a radiação absorvida por tecidos humanos; o milisievert é a sua milésima parte. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) calcula que a exposição anual a fontes naturais de radiação alcança 2,4 milisieverts.
(Por Yoko Kubota, Reuters / UOL / EcoDebate, 29/09/2011)