O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou neste domingo, dia 25, a realização de um referendo nos departamentos de Cochabamba e Beni sobre a construção de uma estrada que atravessará o maior parque natural do país e que motivou uma marcha que já completou 41 dias. Até agora, fracassaram oito tentativas para solucionar o conflito, uma vez que os indígenas pedem o final das obras, possibilidade descartada pelo Governo.
“Vamos consultar os dois departamentos mediante um referendo. Eles que digam: sim ou não”, declarou em visita ao Território Indígena no Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), acrescentando que, se a estrada for aceita, definirá um trajeto que cause poucos danos a reserva natural, situada no Amazônia boliviana.
O protesto indígena rejeita a construção da estrada entre os dois departamentos, que será financiada pelo Brasil via BNDES, alegando que provocará a destruição das florestas e a invasão de produtores de folha de coca.
Já o presidente alega que a construção da estrada unirá os departamentos de Cochabamba (centro) e Beni (nordeste), integração que será parte de um corredor que passará por toda a Amazônia, ao unir regiões do Brasil com o Peru, através da Bolívia.
As negociações começam a ser retomadas um dia depois que os indígenas retiveram durante algumas horas o chanceler boliviano, David Choquehuanca. O chanceler, da etnia aimara, foi pressionado pelos indígenas a permanecer na frente da marcha, ato que o Governo qualificou como “sequestro”, embora o chanceler não tenha usado esse termo.
Além do chanceler, foram detidos o vice-ministro de Coordenação com Movimentos Sociais, César Navarro, e um chefe policial, que foram libertados quando chegaram perto da cidade de Yucumo, cujo acesso ainda está bloqueado por centenas de agentes e camponeses e produtores de coca seguidores de Morales.
O dirigente do protesto, Fernando Vargas, disse que os indígenas ratificaram neste domingo seu objetivo avançar até o povoado de Quiquibey, onde estão dispostos a dialogar novamente com o Executivo, mas estão esperando que a tensão na região diminua.
(Sul 21 / IHU On-Line, com informações da Efe, 26/09/2011)