CENIBRA NA ASSEMBLEIA GERAL DO FSC
A Assembleia Geral do FSC (Forest Stewardship Council) é o mais alto nível de decisão dentro dessa organização. Realizado a cada três anos, o evento conta com a participação de membros jurídicos e físicos das câmaras social, econômica e ambiental, que se reúnem para reavaliar, discutir e indicar novos e possíveis caminhos do sistema de certificação das boas práticas de Manejo Florestal e da rastreabilidade de produtos e processos por meio dos certificados de Cadeia de Custódia. A 6ª Assembleia Geral do FSC ocorreu em Kota Kinabalu, Malásia. O Coordenador de Meio Ambiente da CENIBRA, Paulo Dantas, fez parte da comitiva brasileira presente no evento.
Foi a primeira vez que o Brasil contou com um número expressivo de participantes. Foram cerca de 30 membros representando empresas e associações de empresas florestais e institutos de pesquisa, certificadoras e sociedade civil organizada. Durante o evento, foram apresentadas 56 moções. Trata-se de encaminhamento prévio de sugestões para alteração nas políticas e estratégias do FSC, de modo que estas incorporem o dinamismo e a constante evolução do que é entendido, pela sociedade, como um bom manejo das florestas. Das 56 moções apresentadas, 26 foram aprovadas por um sistema de votação democrático e transparente.
De acordo com Paulo Dantas, alguns pontos podem ser destacados com relação às moções aprovadas: “A necessidade de uma maior transparência nos encaminhamentos pós-assembleia geral das moções aprovadas; a necessidade de facilitar o acesso do pequeno produtor à certificação; o fortalecimento das iniciativas nacionais do FSC, que ficarão responsáveis pelos processos de derroga de produtos químicos e identificação de áreas de riscos; a retomada do grupo de trabalho de florestas plantadas para continuidade dos estudos técnicos acerca deste importante setor de base florestal; e o fortalecimento do sistema de madeira controlada”, enumera.
Outro tema de destaque foi a moção apresentada pelo Brasil, no sentido de que a discussão sobre a biotecnologia, em especial a pesquisa sobre organismos geneticamente modificados (OGMs) pelo setor florestal, fizesse parte da agenda do FSC. A moção não foi aprovada, mas houve indicativos de que esse tema será, num futuro próximo, objeto de consideração por representar uma realidade que permeia todo o espectro da sociedade e cuja discussão se faz necessária para que a política do FSC sobre o tema seja respaldada pelo conhecimento técnico e científico, além da percepção da sociedade acerca do tema. Paulo Dantas destaca também que a participação expressiva do Brasil na Assembleia Geral foi um marco divisor pois, até então, pela baixa representatividade, o país muitas vezes não se fazia ouvir, o que não é aceitável para um dos principais atores do cenário florestal mundial. “Além de possuirmos uma das maiores áreas cobertas por vegetação nativa, somos também o maior fornecedor de fibra de celulose originada de florestas plantadas, utilizando uma tecnologia considerada a mais avançada em termos mundiais, o que nos coloca em lugar de destaque e nos requer uma legítima posição proativa na elaboração das políticas e estratégias do FSC”, afirma.