Os investimentos do setor de energia limpa em todo o mundo cresceram 30% entre 2009 e 2010, atingindo um valor recorde de US$ 243 bilhões. A conclusão consta no guia intitulado Blending Climate Finance through National Climate Funds (A Incorporação dos Financiamentos Climáticos por meio dos Fundos Nacionais para o Clima), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PnuD).
O documento é baseado na experiência acumulada pelo PnuD na criação, gestão e assessoramento de 750 fundos e na prestação de serviços referentes à mais de US$ 5 bilhões em contribuições obtidas a partir de múltiplos doadores. O guia é tido pela agência da ONU como uma nova ferramenta capaz de ajudar os países em desenvolvimento a aproveitar melhor os recursos, a fim de enfrentar as mudanças climáticas.
“Estamos proporcionando aos governos uma receita para que eles possam acessar mais recursos e melhorar a gestão das atividades relacionadas às mudanças climáticas”, destacou o administrador-assistente e diretor de políticas de desenvolvimento do PnuD, Olav Kjorven.
Apesar dos investimentos recordes em energia limpa, o relatório constata que apenas cerca de um décimo desses recursos saíram dos países membros do G-20 e se destinaram a áreas altamente vulneráveis às mudanças nos padrões climáticos, como os países menos desenvolvidos e Estados insulares.
Exemplos de sucesso de fundos climáticos nacionais desenvolvidos no Brasil, em Bangladesh, na China, na Indonésia e em outros países são destaque no guia. A publicação faz parte de uma série de manuais práticos, guias e kits de ferramentas destinados a apoiar os governos na transição para um desenvolvimento sustentável, com baixa emissão de poluentes e mais resiliente às mudanças climáticas.
Cobrança às potências
A secretária executiva da convenção da ONU sobre mudanças climáticas, Christiana Figueres, pediu que a comunidade internacional mantenha o compromisso de estimular a chamada economia verde. O objetivo é incentivar o desenvolvimento econômico, com baixas emissões de carbono, como meio de limitar as mudanças climáticas no mundo.
“O mundo espera que, durante a cúpula da cidade de Durban [na África do Sul], os governos deem os passos seguintes para criar um sistema global efetivo que permita enfrentar as alterações climáticas”, ressaltou Christiana Figueres, em referência a 17ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP-17), que será realizada de 28 de novembro a 9 de dezembro.
No encontro, os líderes devem buscar soluções para a implementação do Protocolo de Kyoto – o acordo das Nações Unidas que define medidas conjuntas para a redução das emissões de gases de efeito estufa, cuja primeira fase termina em 2012. Tem de haver uma decisão clara dos esforços coletivos globais. Os países industrializados poderão contribuir para reduzir as emissões de forma transparente – Christiana Figueres.
Segundo Christiana Figueres, os líderes mundiais deverão buscar meios para pôr em prática regras a fim de evitar o agravamento das mudanças climáticas e o aquecimento global abaixo dos 2 graus Celsius (ºC) até 2100.
O assunto também faz parte da pauta de temas da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em 2012, no Rio de Janeiro. A reunião será o maior encontro mundial sobre preservação ambiental, desenvolvimento sustentável e economia verde, com a finalidade de definir um novo padrão para o setor. A previsão é que mais de 100 presidentes da República e primeiros-ministros estejam presentes.
O assunto é tema das reuniões da presidente Dilma Rousseff, que está em Nova York para participar da 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Nos encontros paralelos com líderes internacionais, Dilma deverá mencionar o assunto.
Conheça o relatório do PnuD na íntegra em PDF (em inglês).
(EcoD / Envolverde, com informações de ONU e Agência Brasil, 21/09/2011)