Em seu novo plano de negócios, a Petrobras traçou, pela primeira vez, metas de eficiência energética, de redução de emissões de gases de efeito estufa e de diminuição da queima de gás natural em suas plataformas.
Para alcançar tais objetivos, a estatal planeja investimentos de US$ 1,2 bilhões (cerca de R$ 2,1 bilhões) até 2015 nessas áreas e prevê medidas como o maior aproveitamento dos derivados de petróleo produzidos nas refinarias para geração própria de energia e adaptações em usinas termelétricas a fim de ampliar sua eficiência.
Somente nas termelétricas, serão investidos US$ 373 milhões (R$ 664 milhões) para instalar equipamentos que melhorem o aproveitamento do gás como fonte de geração de energia elétrica.
Mas talvez o maior desafio da estatal será reduzir o desperdício de gás em suas plataformas de produção em alto mar _alvo de críticas até mesmo do governo. A estatal investirá US$ 322 milhões (R$ 573 milhões) para cortar a queima em 65% --o que resultará, se a meta for alcançada, na menor emissão de gases de efeito estufa.
Hoje, são queimados 3,8 milhões de metros cúbicos dia --volume correspondente a cerca de 40% do consumo do Estado do Rio de Janeiro.
Segundo a Petrobras, todas as metas são voluntárias e preveem menor consumo de energia e redução na intensidade de emissões de gases. "A Petrobras adotou como desafio estratégico o compromisso voluntário de maximizar a eficiência energética e reduzir a intensidade de emissões de gases de efeito estufa, atingindo patamares de excelência na indústria de óleo e gás", disse a estatal, em resposta à Folha.
Para Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ, as metas são "factíveis" e representam um corte "significativo". "Para uma única empresa, o investimento é também relevante, mas certamente as novas diretrizes da Petrobras buscam um alinhamento maior com a posição do governo."
A própria estatal reconhece que as metas foram adotadas agora de modo inédito com o objetivo de melhorar sua imagem e se tornar mais transparente. Elas surgem justamente num momento em que as ações da companhia sofrem perdas sob críticas de maior ingerência do governo e de falta de transparência antes da divulgação do seu plano de negócios --cujas premissas (mais investimento em exploração e produção e venda de ativos para se financiar) agradaram o mercado após o anúncio, o que ajudou na recuperação dos papéis da companhia.
Segundo a Petrobras, a companhia estabeleceu novos indicadores "com a finalidade de melhor demonstrar o esforço para o incremento de eficiência energética nos processos [de produção], conferindo maior transparência a seus resultados e ao seu comprometimento com o crescimento sustentável da empresa."
Outro foco importante dos investimentos será em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, área que receberá US$ 200 milhões (R$ 356 milhões) até 2015.
(Por Pedro Soares, Folha Online, 20/09/2011)