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2011-09-21 | Rodrigo

Guia das Nações Unidas revela que apenas 10% dos US$ 243 bilhões arrecadados para o clima foram investidos em países fora do G20, e explica que muitas nações pobres não sabem administrar seus mecanismos de financiamento climático

A criação de ferramentas para investir no combate às mudanças climáticas como o Fundo Verde Climático (GCF) pode parecer a solução para o aquecimento global, mas é apenas o primeiro passo para resolvê-lo.

Segundo o novo guia da ONU sobre a gestão de financiamentos climáticos, apesar da arrecadação para lidar com o problema estar acontecendo, poucos países sabem de fato como conduzir seus fundos e onde buscar dinheiro para o clima. Com o lançamento do relatório, espera-se que os países avancem mais uma etapa para decidir a questão.

O documento, intitulado Blending Climate Finance through National Climate Funds (algo como Harmonizando as finanças climáticas através dos fundos climáticos nacionais) e lançado nesta quarta-feira (14), indica que hoje em dia, há mais de 50 fundos públicos, 45 mercados de carbono e mais de seis mil fundos de capital privado para arrecadar dinheiro para as ações climáticas.

“Através dos fundos climáticos nacionais, os países podem acessar mais financiamentos e acelerar sua resposta às mudanças climáticas. Isso pode ser uma grande contribuição para manter o mundo em um caminho mais limpo, equitativo e sustentável”, declarou Olav Kjorven, diretor de políticas de desenvolvimento do PNUD.

No entanto, apesar do grande número de mecanismos climáticos, muitos países não sabem como e onde buscar financiamentos para as ações climáticas em seus territórios, e como administrá-los uma vez que eles são arrecadados.

“Os requerimentos, processos e relatórios associados com os muitos fundos podem ser confusos e opressivos. Países são confrontados com o desafio de como identificar quais fundos são apropriados para eles, como coordenar as ações financiadas por eles, e como desenvolver os métodos para monitorar e avaliar os resultados”, explica o guia.

“Os países estão começando a pensar ‘Como podemos nos preparar para isso? Como podemos ser os primeiros? Como podemos ter certeza de que dispomos de tudo para acessar esses fundos rapidamente? ’”, ilustrou Cassie Flynn, especialista em políticas de mudanças climáticas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Por isso, o PNUD desenvolveu o documento como forma de auxiliar as nações, em especial as emergentes, a procurarem e encontrarem financiamentos para seus projetos de combate às mudanças climáticas.

“Se as pessoas (doadores e sociedade civil) souberem onde os fundos estão, como eles são canalizados, e que então há critérios específicos para que os fundos sejam monitorados, reportados e verificados, acho que vai se trilhar um caminho para a transparência”, afirmou Flynn.

“Queremos que todos sejam capazes de acessar esses fundos, e realmente aperfeiçoar o uso deles. Queremos que a extensão desse dinheiro... seja a maior possível, e que chegue aos países que realmente precisam disso”, acrescentou a especialista.

E o momento parece ser realmente propício para os financiamentos deste tipo. De acordo com o PNUD, entre 2009 e 2010 a arrecadação para projetos de energia limpa aumentou 30%, batendo o recorde de US$ 243 bilhões.

“Estamos agora em um período muito importante das mudanças climáticas; os países estão prometendo mais dinheiro do que nunca”, disse Flynn. E segundo ela, “não se trata apenas da quantidade de dinheiro, mas também de como o dinheiro é usado e quão facilmente ele pode colocar as ações reais em prática”.

No entanto, o documento aponta que ainda há muitas disparidades na distribuição destes fundos. Para se ter uma ideia, apenas 10% do total de investimentos arrecadados foram aplicados em países fora do grupo das 19 maiores economias do mundo e a União Europeia (G20).

“É espantoso, considerando quanto dinheiro há na jogada – há uma diferença real entre quais países estão coletando esses fundos e quais países estão sendo capazes de acessá-los. Infelizmente nem todos os países têm o mesmo acesso a eles”, lamentou Flynn.

Mas o PNUD espera que o lançamento do guia ajude os países a aperfeiçoarem a gestão do financiamento climático. “Estamos dando aos governos uma receita de como acessar mais financiamentos e como melhorar a gestão de atividades de mudanças climáticas. Esse guia pode mudar fundamentalmente a forma como os governos planejam, financiam e aplicam suas políticas climáticas”, definiu Kjorven.

O GCF e os investimentos privados
O lançamento do guia do PNUD vai ao encontro da recente declaração do Comitê de Transição do Fundo Verde Climático, que afirmou que o projeto do mecanismo, que deve entrar em vigor em 2012, está fazendo progresso.

Christiana Figueres, secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), disse, no encontro de três dias do Comitê em Genebra, na Suíça, que os avanços foram feitos no sentido de como a ferramenta irá funcionar na prática.

“A rápida operacionalização do Fundo Verde Climático será especialmente importante para os países emergentes vulneráveis, já que uma parte significativa do novo financiamento multilateral para a adaptação deve passar pelo Fundo”.

Figueres também enfatizou a importância do setor privado no combate às mudanças climáticas através do investimento nos fundos e do financiamento a projetos climáticos e tecnologias limpas, dizendo que as empresas precisam dar um “salto gigante” para fazer esses investimentos.

“Um grupo de companhias sérias tem uma voz muito mais forte e opera em mais unissonância, mas ainda está preso a tecnologias e combustíveis de ontem. Se você não tem uma voz igualmente orquestrada, os governos vão tomar decisões tímidas”, ressaltou a secretária executiva da UNFCCC.

Ela citou ainda que a crise econômica não deve servir como desculpa para desestimular ou interromper o investimento em alternativas limpas. “O salto gigante tem que se basear na visão, na disponibilidade de capital, na capacidade executiva e no apoio político”.

Apesar da recessão, uma análise da instituição Carbon Disclosure Project publicada nesta quarta-feira sugere que há uma forte correlação entre alto desempenho financeiro e o engajamento climático.

No entanto, Ian Cheshire, diretor executivo de varejo do Grupo Kingfisher, acredita que ainda não há muito investimento privado para combater as mudanças climáticas pois este é um segmento que ainda é considerado arriscado.

“Muitas companhias não estão correndo riscos suficientes porque elas não têm confiança suficiente de que investimentos climáticos possam fornecer retornos adequados. Precisamos de uma diferença de salto gigante, o que vai contra a natureza de muitas empresas, e isso pode ser o problema”, sugeriu Cheshire.

(Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil, com informações de agências internacionais, 16/09/2011)


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