Publicação causou polêmica por ter dados sobre o degelo da Groelândia. Cientistas contestam informação; empresa afirma que livro está correto
A editora Times Books, responsável por publicar um novo atlas geográfico que causou polêmica no meio científico, divulgou comunicado nesta terça-feira (20) admitindo erro em informações utilizadas na campanha de lançamento da publicação.
De acordo com a empresa, nas divulgações feitas à mídia sobre o novo livro, a cobertura de gelo na Groelândia teria reduzido 15% nos últimos 12 anos e deixado à mostra uma cobertura de terra equivalente ao Reino Unido e a Irlanda juntos.
A informação foi questionada por especialistas britânicos do grupo do instituto de pesquisa Scott Polar, da Universidade de Cambridge, que acredita que o degelo foi de apenas 1% para o mesmo período.
No comunicado, a editora admitiu que a publicidade sobre as estatísticas eram enganosas, mas negou que o livro continha dados errados. “Chegamos ao dado do derretimento comparando a extensão da cobertura de gelo entre a 10ª e a 13ª edição (1999 contra 2011) do atlas. A conclusão que tivemos, que 15% da cobertura do gelo tinha derretido, foi destacado em um comunicado à imprensa e não no atlas”, informava a nota.
"Isso foi feito sem consultar a comunidade científica e estava errado. Pedimos desculpas por isso", afirmou o comunicado, que também defendeu a precisão dos novos mapas publicados no atlas.
Novo livro
A nova versão da publicação foi atualizada para dar conta das alterações no mundo por conta do aquecimento global. A edição anterior era de 2007.
Os cientistas de Cambridge afirmam que não existe evidência científica na literatura sobre o assunto para apoiar a afirmação feita pelo atlas. Uma hipótese levantada pelos pesquisadores é de que os cartógrafos responsáveis pela publicação teriam interpretado de maneira errada dados sobre a elevação da cobertura de gelo na ilha. Eles teriam considerado como livres de gelo algumas áreas abaixo de um certo patamar de altitude.
Apesar de desmentir o atlas, os cientistas alertam que a ameaça do aquecimento global é real, mesmo que glaciares sejam reduzidos a uma taxa muito menor do que as expressa na publicação - 0,2% por ano ao invés de 1,5%.
Um porta-voz da publicação - que não pertence diretamente ao jornal britânico The Times - disse que os dados do atlas foram baseados em informações fornecidas pelo Centro de Gelo e Neve norte-americano (NSIDC, na sigla em inglês), órgão do governo dos Estados Unidos responsável por monitorar o degelo em muitas regiões do globo.
(G1, com informações de agências internacionais, 20/09/2011)
* Com informações da France Presse, dos jornais britânico Daily Telegraph e The Guardian, além da BBC.