Receptores são enganados por forma redonda das extremidades dos tubos. Ao tentarem 'engolir' um cilindro, células acabam sendo destruídas
Um estudo divulgado na revista "Nature Nanotechnology" nesta semana mostram como tubos extremamente pequenos e finos podem atrapalhar as células, desencadeando reações tóxicas. A pesquisa foi conduzida por uma equipe de pesquisadores da Universidade Brown, nos Estados Unidos.
As células são "enganadas" pelos tubos, pois "pensam" estar interagindo com uma esfera já que entram em contato primeiro com uma das extremidades - que são arredondadas. Ao tentar engolir os tubos, elas acabam ficando danificadas, como se tivessem sido atravessadas por uma flecha.
Para tentar ilustrar o que acontece na escala nanoscópica, o professor de engenharia Huajian Gao, um dos autores do estudo, sugeriu imaginar como seria se alguém tentasse comer - de uma só vez - um pirulito do tamanho de uma pessoa.
A resposta da célula uma vez que "percebe" o erro é acionar o sistema de defesa do organismo, que irá iniciar uma reação inflamatória para proteger a região intoxicada.
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Os tubos de carbono considerados na pesquisa tinham um diâmetro de 10 até 100 nanometros. Um nanômetro equivale a um milímetro dividido em 1 milhão de partes.
Para descobrir esse efeito, os cientistas norte-americanos usaram simulações moleculares e fizeram experimentos. Eles descobriram que o problema de intoxicação acontece especialmente quando os tubos formam um ângulo de 90 graus com a superfície da célula.
A importância da pesquisa está no fato de muitos nanomateriais terem aplicação na medicina, podendo funcionar como transportes para drogas que precisam ser usadas em áreas específicas do corpo. Agora, os cientistas possuem dicas sobre como melhorar o design desses nanotubos, impedindo que façam mal às células.
(G1, 19/09/2011)