O Tribunal de Justiça do Pará negou hoje (06/09) o pedido de anulação do julgamento de Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, que tentava se livrar da condenação pela morte da missionária Dorothy Stang.
A freira foi assassinada em 2005 a mando de Taradão. Outro mandante e os executores estão na cadeia. Com a decisão do TJ, é válido o julgamento que o condenou a 30 anos de prisão.
Por que só o Taradão continuava em liberdade? Porque tem gente poderosa ao lado dele.
Taradão é peça de uma engrenagem. É o cara que suja as mãos de sangue quando precisa. Mandou matar a missionária porque o grupo precisava da área pra retirar madeira ilegal.
Por trás de Taradão existe um consórcio criminoso do qual fazem parte políticos, empresários e funcionários públicos do alto escalão do governo do Pará.
Taradão trabalhou para o grupo de Jader Barbalho na época da Máfia da Sudam. Em 2002, Jader apareceu algemado na capa dos jornais, ficou uns dias preso e ninguém mais falou dos R$ 132 milhões que foi desviado pela Máfia liderada por ele.
Ninguém consegue mais levantar essa investigação da gaveta. Muito pesada. Neo companheiros da administração federal estão atolados até o pescoço no escândalo. Uma faxinazinha por lá não seria nada mal.
Taradão também é amigo de Laudelino Délio Fernandes Neto, vice-prefeito de Anapu, onde morava a freira. Foi na casa do vice-prefeito que Taradão se escondeu após o crime.
Laudelino também está envolvido na máfia da Sudam. Com a parte dele, comprou apartamento, caminhonete e recheou a conta bancária. Também está envolvido em esquemas de lavagem de carvão para as siderúrgicas do polo de Carajás.
Esse esquema de fornecer carvão do desmatamento e do trabalho escravo para o setor siderúrgico do polo de Carajás é conhecido desde 2004. Lá, as siderúrgicas misturam o minério de ferro da Vale com o carvão ilegal e fazem ferro gusa, posteriormente usado para fazer aços especiais por grandes empresas como ThyssenKrupp e Gerdau.
As multinacionais sabem disso, mas fazem de conta que não é elas. A Vale, por exemplo, diz que não tem poder de polícia, como se monitorar cadeia produtiva fosse função da polícia e não de empresas socialmente responsáveis.
É nesse caldo de relacionamento que Taradão ficou seis anos fora da cadeia. Ele é um cara importante pro sistema.
Taradão vai fazer falta pra muita gente que está do lado de cá das grades de ferro.
(Blog do Marques Casara, 06/09/2011)