Dois terços dos 18% do bioma amazônico já desmatados foram transformados em pasto, hoje ocupados por uma pecuária de baixa produtividade. É o que mostra mapeamento do uso das terras abertas na Amazônia, realizado em parceria pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com apoio do Ministério do Meio Ambiente.
As análises foram feitas com base em dados reunidos até 2008 e mostram como está sendo usada a terra após a derrubada da floresta, uma área de 720 mil km² desmatados, do tamanho do Uruguai.
Desse total, 62,1% foram transformados em pastagem, dos quais 46,7% são pasto limpo, com capim plantado; 8,7% de pasto sujo, onde o capim divide espaço com uma vegetação arbustiva; 6,7% de área de pasto em regeneração, onde há predomínio de vegetação arbustiva sobre o capim; e 0,1% de pasto com solo exposto.
Esse quadro confirma a existência de uma pecuária extensiva de baixa produtividade, com menos de uma cabeça de gado por hectare. Por outro lado, o mapeamento revela que a produção agrícola ocupa menos de 5% da área total desmatada na Amazônia.
Para o senador Jorge Viana (PT-AC), relator do projeto de reforma de Código Florestal Entenda o assunto (PLC 30/2011) na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), a pesquisa mostra que o país pode ampliar sua área de produção agropecuária sem avançar sobre as florestas.
- Pode ser uma oportunidade, pois, com tecnologia e melhoramentos, podemos aproveitar muitas dessas áreas para a produção de grãos ou mesmo de carne - disse Jorge Viana.
Ainda de acordo com o estudo, 21% da área desmatada na Amazônia estão cobertos por uma vegetação secundária, que se desenvolveu na área desmatada seja por processo de regeneração natural ou pelo plantio de espécies exóticas.
Para os pesquisadores, essas áreas ajudarão o país nas negociações internacionais sobre o clima, pelo papel que desempenham na absorção de dióxido de carbono, principal gás de efeito estufa.
(Por Iara Guimarães Altafin, Agência Senado, 06/09/2011)