O desmatamento explosivo que fez o governo instalar um gabinete de crise e mandar uma tropa de fiscais para o Mato Grosso nos últimos meses tem destino provável: o ritmo de desmatamento em áreas agrícolas foi bem maior que em regiões onde predomina a pecuária. A notícia foi dada hoje pelo jornal Estado de S. Paulo, em cima de uma análise que o Greenpeace fez dos alertas de desmatamento emitidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) entre agosto de 2010 e julho de 2011.
Para fazer a conta, a equipe de Geoprocessamento do Greenpeace considerou como área de influência de agricultura os polígonos desmatados num raio de 500 metros de regiões onde hoje predomina essa atividade. Comparando com os dados do mesmo período entre 2009 e 2010, houve aumento de 46% no desmatamento em área agrícola. A mesma coisa foi feita para calcular a área de influência da pecuária, onde o corte de florestas cresceu bem menos: 27%.
Os dados são provisórios, já que vêm do Deter, o sistema de alerta e não de medição de área de desmatamento. “Mas eles indicam uma clara tendência de expansão da agricultura naquela área, principalmente para o cultivo de grãos, como soja”, destaca Rafael Cruz, membro da Campanha Amazônia do Greenpeace. A região concentrou os últimos alertas de desmatamento, fazendo com que o estado de Mato Grosso voltasse a seus dias de líder de derrubadas.
Com o período da seca batendo à porta, a situação por ali ainda pode ter desdobramentos com o possível aumento de queimadas, que geralmente vêm na sequência das derrubadas, para limpeza do terreno.
“Por conta do aumento do desmatamento, estamos esperando que ali aumentem os focos de calor”, confirmou Eduardo Rodrigues, coordenador de Fiscalização, Florestas e Unidades de Conservação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. “Mas, por enquanto, está controlado”.
(Greenpeace Brasil, 31/08/2011)