Esperar que apenas os governos levantem as quantias necessárias para o chamado Fundo Verde Climático é uma receita para o fracasso, alerta um artigo da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) divulgado nesta semana.
“Não há como os países cederem esses recursos com a situação atual da economia. Precisamos de uma abordagem que trabalhe com os mercados de capitais e não contra eles”, explicou Michael Liebreich, presidente da BNEF e autor do artigo.
As Nações Unidas já estão considerando quais são as melhores maneiras de atrair o capital privado. Porém, Liebreich criticou as opções sugeridas como taxas globais para o setor de transportes ou sobre as transações financeiras internacionais dizendo que elas não são viáveis politicamente.
O que a BNEF propõe é uma estrutura integrada de financiamento baseada em bancos e instituições financeiras já existentes, que forneceriam empréstimos a baixos custos ou investimentos com expectativa de retorno em tecnologias limpas.
Essas instituições estabeleceriam, portanto, uma competição entre si pela oportunidade de fazer parte do Fundo Climático, o que seria utilizar na realidade o conceito de funcionamento do mercado em favor do combate ao aquecimento global. Além disso, salienta a BNEF, a competição garantiria a transparência e a governança do Fundo.
“O dinheiro público só entraria em casos quando os riscos forem demasiados para a iniciativa privada”, concluiu Liebreich.
A ideia do fundo anual de US$ 100 bilhões para financiar ações de adaptação e mitigação ganhou força durante a última Conferência do Clima em Cancún no ano passado, quando foi alcançado o consenso para que a ferramenta fosse estabelecida no decorrer de 2011.
(Por Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil, com informações de BNEF, 02/09/2011)