As duas maiores economias do mundo se mantêm na liderança do ranking mundial como as nações mais atrativas para os investimentos em energias limpas; Brasil sobe uma posição em relação ao trimestre passado e está em décimo primeiro
A China e os Estados Unidos são os maiores poluidores do mundo, mas paradoxalmente, ou talvez por isso mesmo, são os que mais atraem investimentos em energias renováveis. Esses dados, apresentados na quinta-feira (1) pela empresa Ernst & Young, indicam uma predominância dos países do Hemisfério Norte nas primeiras posições. Mas uma boa notícia para os brasileiros: o país já está entre os 15 mais atrativos para os investimentos renováveis, e subiu uma posição desde o último trimestre.
O Índice de Atratividade das Energias Renováveis por País estima o quanto um país atrai os investimentos de energias renováveis através de uma análise trimestral de tecnologias eólicas, solares, de biomassa e geotérmicas, além de fazer um diagnóstico com base nas questões econômicas e de mercado do setor renovável de cada país.
A pesquisa informa que, entre 2000 e 2010, a divisão dos investimentos feitos na indústria renovável foram de 42% para a eólica, 25% para a solar, 20% para a biomassa, 5% para as pequenas hidrelétricas, 4% para a geotérmica e 4% para a energia dos oceanos. Estes investimentos foram conduzidos principalmente pelo crescimento da Ásia e da América do Sul, pelo fortalecimento da biomassa na Europa e pela recuperação do crescimento nos EUA.
Segundo as informações da nova edição do relatório, a China e os Estados Unidos se mantiveram nos dois primeiros lugares do ranking, seguidos pela Alemanha, que subiu da terceira para a quarta posição, da Índia, que caiu da terceira para a quarta, e do Reino Unido e da Itália, que empataram em quinto lugar.
O documento afirma que a China se manteve no topo do ranking devido às recentes decisões do país de aumentar sua capacidade eólica offshore de 2 GW para 5 GW até 2015. Além de acrescentar sua capacidade energética, a China pretende também aumentar suas redes de energia.
Os Estados Unidos se conservaram em segundo na liderança por causa da administração do presidente Barack Obama, que, defendida pelos Democratas, criou programas de empréstimos e subsídios para as indústrias eólica e solar norte-americanas. No segundo trimestre do ano, o Departamento de Energia dos EUA (DOE) continuou a aprovar empréstimos e garantias para projetos de energias renováveis, apesar da pressão dos Republicanos para cortar estes fundos.
Já a Alemanha se aproximou um pouco do topo do ranking devido às iniciativas do país de acabar com seu programa nuclear, anunciando que o fechamento da última usina de energia atômica será em 2022, e de lançar um programa de incentivo de US$ 7,14 bilhões (R$ 11,45 bilhões) para a energia eólica offshore.
Mas os países que mais subiram posições foram a Finlândia, que galgou do 30º para o 23º lugar, e a Romênia, que saltou do 21º para a 16º. A maior queda ficou por conta da Grécia, que devido à séria crise financeira que vem atravessando, despencou 11 posições, caindo da 10ª para a 21ª.
A pesquisa diz que apesar do momento relativamente estável que vive o setor renovável, a recessão econômica que ronda os Estados Unidos e a Europa deve em breve ter efeitos sobre essa indústria. O relatório sugere ainda que esse abalo financeiro será sentido principalmente nos mercados mais vulneráveis, enquanto as economias menos expostas devem ter uma rápida reação, retornando a condições de financiamento mais competitivas.
Brasil
O Brasil ganhou uma posição no Índice de Atratividade das Energias Renováveis por País, ficando em 11º, devido principalmente ao preço da energia eólica no país, cujo teto nos leilões foi estabelecido entre R$ 139 e R$ 146 por MWh pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Com relação ao ranking de atratividade de energia eólica, o país subiu duas posições, indo de 16º para 14º. Já nos investimentos solares, o país manteve seu índice de atratividade em 16º lugar.
Na biomassa o Brasil também ganha destaque. De acordo com o documento, os leilões e subsídios governamentais são os grandes responsáveis pelos mecanismos de apoio à biomassa do país. Segundo dados de Javier Sobrini, do Banco Santander SA, incluídos no relatório, o desenvolvimento de economias emergentes como o Brasil está criando oportunidades para investimentos em energias renováveis que não existiam antes.
Essa tendência já vem se desenvolvendo há algum tempo, e é a segunda vez que o país aparece entre os 15 mais atrativos para os investimentos renováveis na pesquisa da Ernst & Young. A primeira foi no trimestre passado, quando o Brasil subiu quatro posições, atingindo o 12º lugar.
(Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil, com informações de Ernst & Young e Business Green, 02/09/2011)