Firma se junta às companhias Evergreen e SpectraWatt, que declararam falência ainda em agosto; cerca de 1,1 mil trabalhadores perdem emprego
Apesar da queda de preços da energia solar ser uma boa notícia para os consumidores, essa desvalorização tem sido prejudicial para algumas empresas do setor. Nesta quarta-feira (31), foi a vez da Solyndra anunciar que está encerrando suas operações e demitindo 1,1 mil de seus funcionários.
O pedido de proteção de bancarrota deve ser feito na próxima semana, apenas uma quinzena após a falência de outras duas companhias solares, a Evergreen e SpectraWatt, que fecharam em agosto. Em 2009, a Solyndra havia recebido uma garantia de empréstimo federal de US$ 535 milhões como parte de um pacote de estimulo econômico, e neste mesmo ano, a empresa declarou que esperava contratar mais empregados.
A companhia culpou a instabilidade política e econômica pela falência. “Incertezas regulatórias e políticas nos últimos meses criaram um fornecimento de curto prazo em excesso e a redução de preços. Arrecadar incremento de capital nesse ambiente não foi possível. Isso foi um resultado inesperado e infeliz”, lamentou Brian Harrison, presidente e CEO da companhia.
Apesar disso, Republicanos do Comitê de Energia e Comércio declararam que desde 2009 a companhia já vinha apresentando sinais de fraqueza financeira. “Desde que a garantia de empréstimo foi fechada em setembro de 2009, a Solyndra sofreu uma série de reveses financeiros, incluindo o cancelamento de uma oferta pública planejada em junho de 2010 e os problemas com o fluxo de caixa”.
Os Republicanos culpam o governo Obama pelo incidente. “Está claro que a Solyndra era um investimento dúbio. [A companhia] é apenas a mais recente vítima da falta de estímulo da administração Obama”, alegaram os deputados Fred Upton, de Michigan, e Cliff Stearns, da Flórida. “A Solyndra estava nadando contra a corrente desde que entrou no mercado”, explicou Shyam Mehta, analista da firma de pesquisa em energia solar GTM.
No entanto, Associação das Indústrias de Energia Solar (SEIA) garante que o setor vive um bom momento. “Até agora, os projetos solares que receberam garantias de empréstimo ajudaram a implantar energia solar limpa suficiente para abastecer quase um milhão de lares e criar dezenas de milhares de empregos em 28 estados”, esclareceu Rhone Resch, presidente e CEO da SEIA.
Resch disse ainda que não se pode tomar o que ocorreu com algumas empresas e estender a situação à indústria inteira. “O sucesso da indústria solar não pode ser visto pelas lentes de uma companhia. Como todas as indústrias, algumas companhias se arranjarão diferentemente de outras. Enquanto o encerramento das operações da Solyndra é desapontador, a indústria solar como um todo é um ponto brilhante na economia dos EUA”.
O governo alegou também que o fechamento de algumas companhias é normal no contexto atual. “Sempre reconhecemos que nem todos nas companhias inovadoras apoiadas por nossos empréstimos e garantias de empréstimos teriam êxito. Mas não podemos parar de investir em tecnologias que são a chave para a liderança dos EUA na economia global”, justificou Dan Leistikow, porta-voz do Departamento de Energia.
Para Adam Krop, analista solar do banco de investimento Ardour Capital, e o democrata Henry Waxman, deputado da Califórnia e presidente do Comitê de Energia e Comércio, a solução para evitar mais falências continua sendo o investimento em tecnologia. “Deveríamos estar fazendo tudo o que fosse possível para garantir que os EUA não cedam o mercado de energias renováveis para a China e outros países”, afirmou Waxman.
“Temos que desenvolver mais tecnologias nos EUA. Não acho que a maior parte do trabalho pesado na produção será feito aqui, apenas digo que deveriam ser criadas parcerias com entidades asiáticas [que possam fazer a produção]”, concluiu Krop.
(Por Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil, com informações de agências internacionais, 01/09/2011)