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braskem vazamento químico amianto
2011-08-26

Em audiência na Câmara, diretor da Braskem afirmou que vazamentos de gás em Maceió ocorreram devido ao acúmulo “imprevisível” de substância liberada em reações químicas e que empresa já adotou medidas para evitar novos acidentes. Debatedores também manifestaram preocupação com uso de amianto na indústria

O auditor fiscal do Trabalho de Alagoas Elton Costa afirmou nesta quinta-feira que os vazamentos de gás ocorridos em maio na fábrica da petroquímica Braskem em Maceió (AL) poderiam ter sido evitados. A declaração foi feita em audiência pública da subcomissão especial criada para avaliar as condições de saúde do trabalhador, que é vinculada à Comissão de Seguridade Social e Família.

No dia 21 de maio, houve um vazamento de cloro em indústria da Braskem na capital alagoana. Um funcionário e 129 moradores de bairros vizinhos foram intoxicados pelo gás. Dois dias depois, uma nova explosão deixou cinco funcionários feridos.

O diretor industrial de vinílicos da Braskem, Álvaro de Almeida, explicou que as explosões foram causadas pelo acúmulo de uma quantidade imprevisível de uma substância conhecida como clorotricloramina.

"Ela é formada em uma determinada etapa do processo, a partir de uma reação de cloro com amônia. Temos o controle desse componente, mas, nesse caso específico, foi uma situação imprevisível, que nunca tinha acontecido na história da companhia ao longo dos 34 anos", disse.

Segundo Elton Costa, porém, o aumento do composto inflamável poderia ter sido antecipado. Ele ressaltou que o equipamento responsável por degradar a clorotricloramina havia sido desativado dois dias antes.

"O problema que a empresa alega é que seriam feitas simulações em softwares de última geração e essa concentração não seria esperada. Os fatos desmentiram isso. Então, ou algum parâmetro equivocado foi inserido no sistema ou esse módulo relativo à simulação de teor de tricloramina precisa ser revisto. Não se pode fugir dos fatos", destacou.

Produtividade
O auditor fiscal levantou a suspeita de que a opção por desligar o equipamento tenha sido feita sob a pressão por mais produtividade, em detrimento da segurança e da saúde do trabalhador.

Álvaro de Almeida, por sua vez, sustentou que há equívocos na interpretação do Ministério Público (que solicitou o fechamento da empresa por falta de segurança no trabalho) por falta de conhecimento profundo dos métodos de produção da companhia. Ele defendeu que a Braskem não prioriza a produtividade em detrimento do bem-estar dos funcionários e do meio ambiente.

Medidas
O dirigente da Braskem salientou que a empresas adotou medidas para evitar que os acidentes ocorram novamente. Entre elas, está a paralisação automática da fábrica caso o equipamento responsável por eliminar a tricloramina fique mais de uma hora desativado.

O deputado Dr. Aluizio (PV-RJ), que solicitou o debate, disse que a subcomissão vai continuar acompanhando o caso. Médico, o parlamentar explicou que, ao ser inalado, o cloro pode provocar intoxicações respiratórias e oculares, e os danos podem ser irreversíveis. Segundo o representante da Braskem, todas as pessoas afetadas pelo acidente receberam atendimento hospitalar e já estão bem.

Amianto
Durante a audiência, também foi levantada a preocupação com o uso de amianto nos processos produtivos da Braskem. O perito em acidentes químicos Álvaro Fernandes Sobrinho afirmou que os mecanismos de prevenção de câncer usados pela empresa não são satisfatórios. "Os funcionários usam uma máscara que não é a ideal para esse tipo de trabalho”, sustentou.

De acordo com Elton Costa, a companhia respeita os limites legais para o uso da substância. "O cuidado é muito grande. Existem exames e controle médico dos trabalhadores, que precisam ser acompanhados alguns dias depois de ficarem expostos ao agente”, afirmou. Para o auditor fiscal, porém, essas medidas não são suficientes para proteger os operários. Ele defendeu que há outras maneiras de se produzir cloro e soda cáustica sem o uso de amianto.

O representante da Braskem, por sua vez, garantiu que em toda a história da fábrica em Maceió nenhum funcionário desenvolveu problemas de saúde em decorrência do manuseio de amianto.

(Por Verônica Lima, com edição de Marcelo Oliveira, Agência Câmara, 25/08/2011)


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