A empresa norte-americana de energia solar Evergreen Solar Inc decretou falência na segunda-feira. A sua tecnologia que já foi inovadora, é vítima da competição dos rivais chineses, mais baratos, e dos cortes nos subsídios à geração de energia solar na Europa.
O fim de uma empresa que já foi considerada pioneira no setor renovável norte-americano veio após dois anos de luta para desviar da competição asiática. O mercado, cada vez mais inchado, forçou a Evergreen a fechar a sua fábrica de Massachusetts e mudar para a China, o que resultou virtualmente na anulação do seu valor de mercado.
“Como os Estados Unidos competirá na fabricação em geral quando as indústrias na China têm acesso a inúmeras vantagens?” comentou o analista da GTM Research Brett Prior. “Na China custa US$ 1,10 por watt a fabricação de um painel solar. O mesmo processo custa US$ 1,8 aqui nos Estados Unidos. É uma diferença de 60%, e isto é demais”.
A tecnologia de wafer solar da Evergreen era a favorita dos investidores em 2007 e 2008, pois utilizava muito menos polisilicone, a principal matéria prima do setor. Entretanto, ao mesmo tempo, o valor do silicone era 10 vezes maior do que atualmente, tornando esta vantagem menos significativa com a redução gradual nos preços.
Porém, os problemas da empresa de Massachusetts pioraram muito nos últimos meses com o corte de subsídios na Itália e Alemanha, principais mercados solares, aumentando a oferta global de painéis e reduzindo seus preços. Por exemplo, o valor dos wafers solares, principal produto da Evergreen, caiu 35% este ano.
O rebuliço recente no mercado solar prejudicou os lucros mesmo dos principais fabricantes do setor, incluindo pesos-pesados norte-americanos como a First Solar Inc e SunPower Corp, além dos players de baixo custo chineses, como a JA Solar Holdings Co Ltd.
“Se os produtores com menor custo não conseguem lucrar, então aqueles com custos trabalhistas maiores vão cair”, comentou o gerente de portfólio do Gabelli SRI Green Fund John Segrich, completando que espera ver o fechamento de mais empresas do setor, incluindo a fabricante norte-americana de filmes finos Energy Conversion Devices Inc e a alemã Q-Cells SE. “O custo de fabricação simplesmente é alto demais”, disse Segrich.
Em abril, a Evergreen alertou os investidores dos prejuízos da queda na demanda e que poderia precisar arrecadar dinheiro antes do que o esperado. Todavia, a empresa não conseguiu chegar a um acordo com os acionistas para reestruturação dos débitos, algo que teria facilitado a arrecadação de capital.
(Por Nichola Groom, com tradução de Fernanda B. Muller, Reuters / Instituto CarbonoBrasil, 16/08/2011)