O ex-presidente da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Yvo de Boer, afirmou nesta segunda-feira (16) que a iniciativa privada não pode se dar ao luxo de não acompanhar as rodadas de negociação climática da ONU.
Segundo De Boer, as mudanças climáticas já afetam negócios em todo o globo e, além disso, boa parte das medidas de combate passam por ações como taxas de carbono ou limite de emissões, que tem como principal alvo a iniciativa privada.
“As decisões tomadas pelos representantes dos governos têm impactos diretos nas empresas. Por isso a iniciativa privada deve cobrar um espaço maior e ser mais atuante nas rodadas climáticas, como na próxima COP na África do Sul”, declarou De Boer, que atualmente é conselheiro da consultoria KPMG.
Sobre a COP 17, que começa em novembro em Durban, o holandês afirmou que as empresas podem ser um agente facilitador para pontos-chave, como o aprimoramento do Fundo Climático Verde e outros mecanismos de financiamento.
“O governo da África do Sul vai ter muita dificuldade para tornar Durban um sucesso. Estamos em meio a uma crise e os governos tendem a ficar mais relutantes a participar de iniciativas internacionais quando a economia vai mal”, disse.
O recente corte no orçamento e o cenário da política interna dos Estados Unidos também são fatores que devem prejudicar o andamento da COP 17.
De Boer acredita que o Protocolo de Quioto deveria passar por uma “reforma”, onde os elementos principais seriam mantidos, como o que garante que os países tenham diferentes responsabilidades. Mas que o tratado deveria ser ampliado, com mais nações participando.
“Acredito que a menos que os negociadores consigam achar uma solução para o Protocolo de Quioto, não haverá progresso em outras questões climáticas”, concluiu De Boer.
(Por Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil, com informações de agências internacionais, 17/08/2011)