O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior disse em nota que "irá adotar os procedimentos administrativos necessários para a apuração da denúncia". A cúpula do ministério não havia sido informada de que há uma suspeita de espionagem com uma funcionária do alto escalão, segundo a Folha apurou.
A reportagem procurou a funcionária Rita de Cássia Milagres, mas não conseguiu localizá-la nem em Brasília nem por meio de seu celular. A Souza Cruz não quis comentar a suspeita envolvendo sua funcionária que se relaciona com o governo em Brasília.
O deputado Luiz Carlos Heinze diz que as suas conversas com a funcionária do ministério não podem ser caracterizadas como espionagem, porque ele teria direito de participar da reunião. Heinze recusa o rótulo de "deputado da indústria do cigarro", com o qual ONGs se referem a ele. "Represento o produtor rural, não a indústria. Nunca recebi dinheiro das fábricas."
Em 2006, a campanha de Heinze recebeu uma doação de R$ 100 mil da Alliance One, uma das maiores exportadoras de fumo do país. Entre o ano passado e o começo deste, a Souza Cruz deu a ele cinco carros para serem doados a entidades assistenciais. O deputado diz que isso ocorreu por causa de seu trabalho social. "Não sou mensaleiro, não tenho nada a ver com essas coisas." A Souza Cruz informou apenas que os carros eram doados a entidades.
(Por Mário Cesar Carvalho, Folha de São Paulo, 14/07/2011)