Na iminência de ser finalmente implementado, após acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquáticos (Antaq), o projeto de “revitalização” do cais Mauá, em Porto Alegre, tem pela frente um parcel (obstáculo submerso que representa perigo para a navegação): a resistência da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) em desocupar sua sede histórica no centro do porto da capital em favor do concessionário da área licitada pelo governo do Estado. Peça fundamental do acordo feito em Brasília é que a deficitária SPH fique com o dinheiro do aluguel do cais.
O desalojamento da SPH não é o único problema. Além de ter de mudar-se para o lado urbano do Muro do Guaíba, a autarquia herdeira do velho DEPRC precisa remover das dependências do cais Mauá dezenas de inquilinos.
Alguns são legais como os Bombeiros, o Ministério da Agricultura e a Anvisa, mas a maioria instalou-se e se mantém no local em condições irregulares.
“Ao todo, temos 54 usuários nas instalações do porto”, diz Vanderlan Vasconselos, superintendente da SPH. Ex-prefeito de Esteio e suplente de deputado estadual pelo PSB, Vasconselos não tem experiência portuária mas acredita no renascimento da navegação nas hidrovias gaúchas.
A dificuldade da SPH em abandonar o prédio de quatro andares e outras dependências na Avenida Mauá deve vir à tona na próxima quarta-feira no evento Tá na Mesa, da Federasul. Foi convidado como palestrante o arquiteto Jaime Lerner, consultor do consórcio de investidores que ganhou a licitação para“revitalizar” o cais Mauá por meio da construção de um conjunto de torres para escritórios, hotelaria e lazer na beira do Guaíba.
(Por Geraldo Hasse, Jornal JÁ, 10/07/2011)