O Parlamento alemão votou hoje, por uma larga maioria, a favor da lei que faz da Alemanha a maior potência económica a abandonar a energia nuclear, em 2022.
O texto que prevê o encerramento dos 17 reactores do país até 31 de Dezembro de 2022 foi aprovado por 513 deputados e recebeu o voto contra de 79. Oito abstiveram-se. “Este é um projecto de unidade nacional”, comentou o ministro do Ambiente, Norbert Röttgen.
Um total de oito leis, sobre o desenvolvimento das redes eléctricas e energias renováveis, foram submetidas hoje a votação. O Governo Alemão entende que a extensão das renováveis “terá de acontecer mais depressa do que o inicialmente previsto”, segundo uma nota publicada no site do executivo. Até 2020, as renováveis deverão representar um mínimo de 35 por cento da electricidade consumida na Alemanha, apesar de o ministro Röttgen considerar realista uma meta mais ambiciosa, de 38 por cento.
O líder da oposição social-democrata (SPD), Sigmar Gabriel, saudou um dia “histórico”. “Apoiamos este decisão por convicção, não por oportunismo”, garantiu.
Renate Künast, do Partido Os Verdes, confessa ter ficado “emocionada por ver o sucesso de um movimento (no não ao nuclear) que durante tantos anos foi discriminado”. Inicialmente, o partido defendia o fim do nuclear mais cedo, em 2017. A responsável pediu que o não ao nuclear seja integrado na Constituição.
Em 2000, quando estavam no poder, os sociais-democratas e os Verdes decidiram abandonar a energia nuclear mas o seu calendário foi abandonado pela chanceler Angela Merkel, sob pressão do lobby nuclear. Depois da catástrofe na central nuclear de Fukushima, no Japão, a chanceler mudou de opinião.
O comissário europeu para a Energia, Günther Oettinger, apelou hoje ao seu país para se “coordenar” com os outros países europeus relativamente ao encerramento das suas centrais nucleares, para evitar uma subida dos preços da electricidade em toda a Europa. Berlim encerrou, definitivamente, oito centrais nucleares depois de Fukushima. Até ao final de 2015 será encerrada a central de Grafenrheinfeld; em 2017 a de Gundremmingen B e, dois anos depois, a central Philippsburg 2. Em 2021 será a vez de outras três unidades (Grohnde, Gundremmingen C e Brokdorf) e finalmente em 2022 as centrais mais recentes: Isar 2, Emsland e Neckarwestheim 2.
(Por Helena Geraldes, Ecosfera, 30/06/2011)